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O futuro que nunca chegou

Estive conversando outro dia com um amigo sobre tendências do futuro e trocamos algumas ideias sobre como o mundo deveria ser daqui a algumas décadas. Ao final dessa conversa, disse a ele que provavelmente nenhuma previsão nossa seria próxima da realidade futura. Qual foi o meu ponto? Sempre pensamos no amanhã com base naquilo que estamos vendo no presente. Mas, entre o hoje e os acontecimentos vindouros, sempre ocorre uma quebra de paradigma que transforma tudo: economia, hábitos, ideias e conceitos.

Tomemos como exemplo a atual economia digital: o que vemos hoje é fruto de basicamente dois movimentos. O primeiro foi o advento da internet e sua popularização; o segundo é a revolução dos smartphones, criada por Steve Jobs. O que se viu na última década foi uma mudança tão vertiginosa de parâmetros que provavelmente nem Jobs, falecido em 2011, teve capacidade de imaginar.

Estamos na antessala de outra quebra de paradigmas, com a ascensão das ferramentas de inteligência artificial. Atrás da porta da inovação, está um mundo difícil de ser previsto ou compreendido de antemão.

O fato é que, na hora de tentar prever o futuro, simplesmente usamos aquilo que enxergamos no presente para imaginar uma revolução. Isso ocorre em diversos mercados, mas talvez não existam melhores exemplos que as indústrias de automóveis e de entretenimento.

Vamos começar pelo setor automobilístico.

Um bom exemplo de um dos primeiros designers a tentar criar o carro do futuro ocorreu na década de 1930. Rust Heinz, um dos herdeiros da indústria alimentícia que leva o sobrenome, criou o Phantom Corsair, o automóvel futurista que se vê na fotografia principal que ilustra esse artigo. Um projeto fabuloso, com linhas impecáveis – mas nada a ver com o que se viu nos anos seguintes em termos de design automobilístico. Era um carro da década de 1930 com linhas à frente de seu tempo.

Mais dois exemplos deste segmento. O Lincoln Futura, da Ford, foi criado em 1955 e usado no filme “Começou com um beijo”, de 1959, com Debbie Reynolds e Glen Ford. Mas tarde, serviria como a base para o “batmóvel” para a série televisiva “Batman”. Era um carro moderníssimo para os anos 1950. Mas era uma espécie de Impala com linhas ousadas, já que nenhum automóvel dos tempos atuais se parece com ele.

Recentemente, tivemos uma iniciativa interessante neste sentido, no filme “Minority Report”, de 2002. A ação se passa em 2054 e em um determinado momento, o policial John Anderson (Tom Cruise) rouba e foge em um Lexus 2054EV – de novo, um protótipo maravilhoso, mas que reflete um desenho comum para os dias de hoje. Provavelmente, no entanto, não será parecido com os carros produzidos daqui a 30 anos.

Aliás, neste mesmo filme, todos os personagens usam celulares da Nokia, que eram um dos telefones mais vendidos da época, quando os smartphones nem existiam. Conforme se quebrou um paradigma gigantesco no lançamento do iPhone, a Nokia foi murchando e teve inclusive sua marca trocada pela sigla “HDM”.

Como se vê, a indústria do entretenimento pode deslumbrar seus espectadores com efeitos especiais quando o assunto é o futuro. Mas deixam a desejar quando se imagina o que seria uma sociedade do amanhã. Duas das maiores franquias da ficção científica (Star Trek e Star Wars), por exemplo, são leituras futurísticas a partir das estéticas vigentes nos anos 1960 (Trek) e 1970/1980 (Wars).

Diante disso, melhor entregarmos os pontos, pois estamos falando de um futuro que nunca aconteceu. Cabem nos dedos das mãos as pessoas que conseguem enxergar com acurácia aquilo que nos espera daqui a alguns anos. Para esses gênios, que podem antecipar quebras de paradigmas, é preciso uma salva de palmas. Por quê? A razão é simples: provavelmente serão eles que moldarão o nosso futuro, com base em suas inovações revolucionárias. A nós, meros mortais, só nos resta desfrutar – ou reclamar.

E você, de que lado está? Dos meros mortais ou dos visionários de verdade?

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Comentários

Uma resposta

  1. Que artigo interessante e oportuno, Aluízio. Parabéns!!! Absolutamente pertinentes as observações. Sempre sonhei e sonho, ainda, até hoje, com “dias melhores. Um “futuro melhor”. Mas, quando li a “manchete”, fui induzido a erro rsrsrsrsrs. Achei que a matéria versava sobre os momentos e oportunidades que o Brasil teve, de se tornar efetivamente uma das maiores potências do mundo. Logo em seguida, mudei o foco para nosso planeta, como um todo. Porque. Hoje, aos 72 anos de vida, continuo “esperando” pra ver e viver uma realidade mais justa, mais “humana”, mais, mais fraterna, com mais amor, empatia, mais solidariedade. Mas, apesar de todos os avanços tecnológicos constato, com tristeza, que a evolução mais importante, mais necessária, não aconteceu, não acontece e não acontecerá tão já. A evolução do ser humano. Será que estou escrevendo isso, apenas baseado na realidade atual e, surpreendentemente, o futuro nos trará surpresas que desmintam essa minha previsão? Tomara que eu esteja errado e, o ser humano “do futuro”, também seja, assim como aconteceu com os carros, diferente do que imagino nos dias de hoje!! ????????

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