Enfim, os insumos da AstraZeneca
O primeiro lote de insumos para a vacina da AstraZeneca/Oxford, a ser produzida pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), chegou ao Rio de Janeiro, por volta das 18h18 (imagem) deste sábado (6). Os 90 litros do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) deverão ser suficientes para produzir 2,8 milhões de doses. O primeiro lote de 2 milhões de doses veio pronto da Índia. A Fiocruz deve ter autonomia de produção, mas as primeiras entregas só devem começar em agosto. Junto com a CoronaVac, o imunizante é um dos dois aprovados para uso emergencial no Brasil. O desembarque foi celebrado, pois vai ajudar a manter a campanha de imunização, enquanto os lotes locais são concluídos.
Centrão pressiona Anvisa
A base reformada de apoio ao presidente Jair Bolsonaro começa a cobrar a conta. E dessa vez não há fisiologismo escancarado por parte dos políticos do Centrão. O que eles querem é que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permita a aquisição acelerada de mais imunizantes em um momento em que pandemia atinge uma média móvel diária de mais de mil mortos a cada dia da semana – só na sexta-feira (5) foram 978.
Os parlamentares querem que a agência aprove novos imunizantes em até 5 dias. O presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, diz que não dá. Há uma forte pressão pela aprovação da vacina russa Sputnik V, que seria produzida no Brasil pela União Química. Essa é uma conta que chega por causa do próprio governo, que perdeu tempo criando com uma briga política entre o presidente Bolsonaro e o governador paulista, João Doria. Além disso, o Ministério da Saúde demorou para permitir a aquisição de insumos para as vacinas produzidas sob licença pela Fiocruz e pelo Instituto Butantan, além de ter feito exigências exageradas para a compra da vacina da Pfizer, e adquirido o lote mínimo no Consórcio Covax. Ou seja, falta vacina.
Cepa sul-africana pode resistir à Oxford
O imunizante da AstraZeneca pode não ser eficiente o suficiente para casos leves e moderados da variante sul-africana do coronavírus. A informação foi veiculada pelo jornal britânico Financial Times neste sábado (6). A reportagem afirmou não haver dados disponíveis sobre casos graves. O estudo ainda não teria sido revisado e sua publicação deve ocorrer na segunda-feira (8). A AstraZeneca e a Universidade de Oxford não comentaram o resultado do estudo antecipado pela imprensa, que envolveria 2 mil pessoas e não registrou mortes e hospitalizações. Os voluntários possuiriam idade média de 31 anos. Já contra a variante britânica, a vacina teria eficácia de 75% em laboratório. O imunizante é um dos dois autorizadas no Brasil.
Desigualdade fará o vírus longevo
Não é só a pobreza e a falta de condições sanitárias. A desigualdade entre os países também se dá no acesso às vacinas. De acordo com um estudo da Universidade de Duke, dos Estados Unidos, como os países mais ricos já compraram a maior parte das vacinas a serem produzidas em 2021, restará aos mais pobres esperar. A estimativa é que 90% das pessoas em quase 70 países terão poucas chances de serem vacinadas em 2021. Para piorar, a falta de vacinação nestes países pode criar as condições ideais para a disseminação de cepas mais agressivas da doença. Até o momento, todas as variantes identificadas podem ser contidas pelos imunizantes existentes.
Roraima sem leitos
Com 75.492 casos registrados, 896 óbitos e dez mortes só na sexta-feira (5), a situação em Roraima é de colapso. Dos 62 leitos de UTI do Hospital Geral de Roraima (HGR), o principal do estado, só um estava liberado ontem. O estado não conseguiu conter a pandemia e, desde 20 de junho, vê a quantidade de infectados crescer de modo contínuo. A números de pessoas sofrendo com os sintomas da covid pode ser maior que o estimado, já que Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) considera automaticamente como recuperado todo o paciente que não faleceu após 21 dias da notificação. De acordo com a Sesau, há 70.893 recuperados em Roraima.
Pequim autoriza vacina chinesa
A autoridade reguladora de medicamentos da China aprovou neste sábado (6), de forma condicional, a vacina contra a covid-19 CoronaVac, produzida pela Sinovac. De acordo com a empresa, o antígeno – vírus inativo – pode ser usado para vacinação “de pessoas a partir dos 18 anos para prevenir doenças causadas pelo coronavírus SARS-CoV-2” e deve ser aplicado em duas doses de 0,5 mililitros cada, em um intervalo de 14 a 28 dias.
A aprovação condicional significa que a vacina agora pode ser dada ao público em geral, embora a pesquisa ainda esteja em curso. A empresa terá de apresentar dados de acompanhamento, bem como relatórios de quaisquer efeitos adversos após a vacina ser lançada no mercado. É a segunda vacina produzida localmente a receber aprovação condicional. Em dezembro, Pequim autorizou a vacina estatal da Sinopharm.
Tanto a injeção da Sinovac quanto a da Sinopharm são vacinas inativadas de duas doses, contando com a tecnologia tradicional, que torna mais fácil o transporte e o armazenamento do que vacinas como a da Pfizer, que requerem armazenamento extrafrio, o que pode fazer a diferença para os países com menos recursos. Na sexta-feira (5), a Sinovac apresentou os procedimentos da CoronaVac perante a autoridade sanitária do México.
Butantan retoma produção
O Instituto Butantan recomeçou neste sábado (6) a produção da CoronaVac em São Paulo, graças ao lote de insumos vindos da China na quinta-feira (5). O trabalho estava paralisado desde meados de janeiro por falta de material. A novas doses devem ser distribuídas a partir da última semana de fevereiro. Os 5,4 mil litros de matéria-prima vão gerar 8,6 milhões de doses. Mais 8 mil litros estão em negociação e deve ser entregues antes que o Butantan atinja a autonomia de produção.
Painel Coronavírus
Dados atualizados em 06/02/21 – 20h30
Vacinados
- 123,54 milhões* (1,55% da população global)
- 3,55 milhão* (1,67% da população brasileira)
* Considerando só a primeira dose
Casos confirmados
• 9.497.795 – acumulado
• 50.630 – casos novos
• 8.363.677 – casos recuperados
• 903.106 – em acompanhamento
• 4.530 – incidência por grupo de 100 mil habitantes
Óbitos confirmados
• 231.012 – óbitos acumulados
• 978 – casos novos
• 2,4% – Letalidade
• 110 – mortalidade por grupo de 100 mil habitantes
Fontes: Ministério da Saúde, consórcio de veículos de imprensa, Universidade de Oxford (Reino Unido) e Faculdade Johns Hopkins (EUA)