Nesse ritmo, só em 2026
A falta de insumos e de planejamento pode cobrar um preço caro aos brasileiros. No atual ritmo, a campanha de imunização deve ser concluída só no início de 2026. A estimativa é do microbiologista da Universidade de São Paulo (USP), Luiz Gustavo de Almeida, em entrevista ao Estadão. De acordo suas estimativas, só 3,55 milhões de brasileiros (1,67% da população) receberam a primeira dose. Para garantir a imunização da população, seria necessário aplicar duas doses da CoronaVac ou da AstraZeneca/Oxford em 160 milhões de pessoas (de acordo com dados do IBGE e excluindo menores de 18 anos, que ficarão para depois). A promessa da Fiocruz e do Instituto Butantan é acelerar a produção. Capacidade para aplicar injeções há de sobra. Almeida lembrou que em março de 2020, já com a pandemia em curso, o Sistema Único de Saúde (SUS) chegou a vacinar 1 milhão de pessoas por dia contra a gripe. Foram 54 milhões de atendidos em 100 dias de campanha. Agora, por falta de doses para a covid, esse ritmo é de 200 mil por dia.
Butantan deve receber na quarta novo lote de IFA
Um lote de 5,6 mil litros de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), produzido na China pela biofarmacêutica Sinovac, parceira do Butantan, está no aeroporto de Pequim aguardando embarque. A chegada em São Paulo está prevista para a quarta-feira (10). A matéria-prima permitirá a produção de mais de 8,7 milhões de doses da CoronaVac, que serão destinadas ao Plano Nacional de Imunizações (PNI). A informação foi divulgada pelo governo do estado de São Paulo neste domingo (7). Na quarta-feira (3) anterior, outros 5,4 mil litros de IFA foram recebidos em São Paulo. Somadas, as cargas permitirão a fabricação de 17,3 milhões de doses de imunizantes, que começarão a ser entregues ao Ministério da Saúde a partir do final deste mês. A previsão do instituto é que a produção de vacinas contra a covid-19 alcance até 600 mil doses diárias com as duas remessas de matéria-prima.
Covid é suspeita de síndrome infantil
No Reino Unido, o crescimento das notificações da síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P) é visto como uma possível complicação decorrente dos casos de covid-19. Os casos eram raros, mas desde a primeira onda da pandemia ocorrem cerca de cem internações por semana. Os sintomas incluem febre prolongada acima a 38 graus, dor de estômago, diarreia, erupções cutâneas avermelhadas pelo corpo e inchaços nos dedos das mãos e dos pés. Os afetados não apresentam necessariamente quadros de covid-19. Por enquanto não haveria motivo para pânico. A incidência de casos seria proporcional ao aumento das infecções pelo novo coronavírus no país. O que causa estranheza é que 75% dos atingidos são de minorias (negros ou asiáticos). Pesquisadores relataram ao jornal de The Guardian suspeitar de algum fator genético, além da impossibilidade de cumprimento das normas de distanciamento por fatores sociais e econômicos de suas famílias. A maioria das crianças era saudável. Desde agosto, as autoridades brasileiras adotaram protocolos para casos suspeitos da SIM-P conectados com covid-19. Até dezembro, pouco mais de 500 casos havia sido registrados.
Crise nas UTIs de Portugal tem recuo leve
Autoridades de saúde portuguesas informaram que a crise da falta de leitos em unidades de terapia intensiva (UTIs) sofreu um leve recuo. Na noite deste sábado (6), 891 pessoas estavam em UTIs por causa do coronavírus, 13 a menos que na sexta-feira (5). Os hospitalizados caíram de 6.412 para 6.158 de um dia para o outro. As mortes, de 258 para 214. A melhora relativa na situação é resultado das ações de emergência do governo, que despachou pacientes para hospitais em outros países europeus em aeronaves militares, a fim de conter o colapso no sistema de saúde. Portugal está em lockdown após os casos cresceram a partir das festas de final de ano.
Grécia estende restrição de voos
Para tentar conter a disseminação da covid-19, o governo grego anunciou neste domingo (7) que as restrições para voos domésticos e internacionais vai seguir, respectivamente, até 15 e 22 de fevereiro. Os passageiros que voam para a Grécia devem apresentar um resultado de teste PCR negativo feito até 72 horas antes da chegada, sendo também submetidos a testes aleatórios para o coronavírus. Todos os viajantes estrangeiros são colocados em quarentena por sete dias. A maioria dos voos de fora da União Europeia estão proibidos, com exceção de 10 países, incluindo o Reino Unido. Os viajantes da Grã-Bretanha continuarão sendo obrigados a fazer um teste rápido após a chegada, enquanto os voos da Turquia seguem suspensos. Nos voos domésticos, só viagens essenciais são permitidas.
Variante faz África do Sul suspender vacina de Oxford
O ministério da Saúde da África do Sul anunciou neste domingo (7) que irá suspender temporariamente o uso da vacina da AstraZeneca/Oxford. Um ensaio clínico indica que o imunizante – um dos dois autorizados para uso emergencial no Brasil – oferece proteção limitada contra sintomas leves da chamada cepa sul-africana. Os dados serão avaliados. A África do Sul adquiriu 1 milhão de doses da vacina e pretendia começar a imunizar os profissionais de saúde, mas teve que recuar. As alternativas possíveis por enquanto estariam na aquisição dos produtos da Johnson & Johnson e Pzifer, que só chegariam em semanas.
Os infectados podem ficar para o fim
Diante da lentidão do avanço das vacinações, dois estudos feitos nos EUA sugerem mudar as prioridades de aplicação da segunda dose. Apesar de não serem conclusivos, os trabalhos indicam que pessoas que já foram infectadas necessitariam de apenas uma dose dos imunizantes da Pfizer e da Moderna. O primeiro estudo tratou da imunidade de trabalhadores de hospitais e percebeu que os já infectados adquiriam mais anticorpos na primeira dose do que seus colegas que receberam a segunda dose sem terem passado pela doença. O segundo levantamento comparou o público em geral e obteve resultados parecidos. Os cientistas acreditam que a primeira dose para os que superaram a infecção funciona como uma segunda dose de reforço.
Painel Coronavírus
Dados atualizados em 07/02/21 – 20h
Vacinados
- 127,99 milhões* (1,6% da população global)
- 3,73 milhões* (1,68% da população brasileira)
* Considerando só a primeira dose
Casos confirmados
• 9.524.640 – acumulado
• 26.845 – casos novos
• 8.397.187 – casos recuperados
• 895.591 – em acompanhamento
• 4.532 – incidência por grupo de 100 mil habitantes
Óbitos confirmados
• 231.534 – óbitos acumulados
• 522 – casos novos
• 2,4% – Letalidade
• 110,2 – mortalidade por grupo de 100 mil habitantes
Fontes: Ministério da Saúde, consórcio de veículos de imprensa, Universidade de Oxford (Reino Unido) e Faculdade Johns Hopkins (EUA)