“Não existe lockdown em Manaus”
A mesma equipe de cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) que alertou sobre o colapso no sistema de saúde de Manaus em agosto, em artigo publicado na revista Nature, aponta para uma terceira onda. Apesar da distância dos outros centros, o estado do Amazonas é visto como um fator de risco para o resto do Brasil e um lockdown seria necessário para o impedir a disseminação da nova cepa, enquanto deveria ocorrer uma vacinação célere e em massa no inteiro. Lucas Ferrante, biólogo e doutorando do Inpa, afirmou ao jornal O Estado de S.Paulo: “Não existe lockdown em Manaus. Apenas um isolamento parcial que já sofre pressões para a reabertura da cidade. Uma reabertura, mesmo que gradual, agora propiciaria um cenário de manutenção da pandemia e um ritmo de casos e mortes altos durante todo o ano e entrando em 2022”.
Acima dos 90 anos
Parcela da população mais vulnerável ao coronavírus, a vacinação em idosos acima de 90 anos começou nesta segunda-feira (8) no estado de São Paulo. Antes das 8h, uma fila de carros se formou em torno do Estádio do Pacaembu, na zona oeste, onde foi montado um drive-thru para a aplicação do imunizante. O governador João Doria (PSDB) acompanhou a ação durante toda a manhã. A partir de 15 de fevereiro, a campanha será ampliada para idosos acima de 85 anos. Ainda não há previsão de quando a aplicação será estendida para as faixas etárias abaixo.
O mínimo às vidas brasileiras
Ao aderir ao consórcio Covax da Organização Mundial da Saúde (OMS), o governo brasileiro escolheu pela aquisição da cota mínima. O Planalto tinha opção de solicitar doses suficientes para vacinar de até 50% da população, mas preferiu só 10%. Agora, o desespero parece ter batido no governo federal. Para compensar as péssimas decisões do Ministério da Saúde, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, enviou uma carta ao sócio majoritário da farmacêutica AstraZeneca, Marcus Wallenberg, pedindo que acelere o envio dos insumos e vacinas ao Brasil. Detalhe: essa negociação ocorreu no final de setembro. Diante da segunda onda, daria para expandir o pedido.
A busca por terapias
A necessidade de encontrar terapias eficientes contra a covid-19 em pacientes internados abriu espaço para a intensa testagem de medicamentos. Alguns se mostraram promissores, outros nem tanto. Porém, sem sucesso. A busca por remédios parece ter ficado em segundo plano, diante dos avanços com as vacinas e as campanhas com diferentes imunizantes, apontou o jornal americano The New York Times. Mesmo sem um cura, o ponto positivo é identificação de alguns métodos mais eficientes para atenuar os efeitos muitas vezes devastadores do doença.
Confira os medicamentos já testados:
- Azitromicina: após meses de pesquisas, a Universidade de Oxford, do Reino Unido, apontou que a droga é ineficaz contra a covid-19, mas atenua alguns dos seus sintomas;
- Bamlanivimab: coquetel anticorpos que recebeu autorização emergencial de uso pela pela Administração de Alimentos e Drogas dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês). Faltam estudos;
- Canabis sativa: ainda em testes, os pesquisadores da Universidade de Lethbridge, do Canadá, apontaram que as propriedades da maconha podem ajudar a controlar algumas complicações da doença;
- Carvativir: medicamento em gotas sem eficácia comprovada e amplamente promovido pelo governo venezuelano. Pesquisadores do país afirmam que a droga é promissora, mas com ressalvas;
- Colchicina: anti-inflamatório em gotas, está em fase de testes, mas é apontado que seu principal mecanismo auxilia no combate às fortes reações alérgicas (tempestades de citocinas) nas manifestações mais graves da doença;
- EXO-OD24: o medicamento israelense em fase de testes é a esperança do momento. O Hospital Ichilov, de Tel Aviv, apelou ao Comitê de Helsinque, da Associação Médica Mundial (WMA, na sigla em inglês), para ampliar os ensaios;
- Favipiravir: antigripal seria capaz de encurtar a duração da doença no organismo, apontam estudos no Japão. O problema são os severos efeitos colaterais, que podem incluir choque anafilático ou pneumonia;
- Hidroxicloroquina: defendida pelo Planalto incessantemente, foi descartada por provada a sua ineficácia junto com seus derivados;
- Ivermectina: ineficaz. A farmacêutica Merck, desenvolvedora do vermífugo, corroborou a informação e não o indica para a covid-19;
- Kit-covid: um conjunto de medicamentos sem eficácia comprovada comercializado nas farmácias brasileiras e distribuído pelo Ministério da Saúde. O pacote inclui a hidroxicloroquina e azitromicina;
- Lopinavir-ritonavir: um estudo do grupo Recovery Trial sugeriu que o medicamento reduziria a carga viral em pacientes em estado grave. Está em testes;
- Molnupiravir: a esperança é que esse antiviral possa atuar contra a covid-19 de modo similar ao oseltamivir (tamiflu) durante a pandemia de H1N1. Desenvolvido pela Merck, no Brasil passa por estudos no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná;
- Nasalferon: é o antiviral interferon utilizado em Cuba na forma de gotas nasais para fortalecer o sistema imunológico da população. Não há dados e conclusões científicas que garantam sua eficácia;
- Plasma convalescente: sem eficácia comprovada;
- Regeneron: é um coquetel de anticorpos autorizado para uso emergencial pela Administração de Alimentos e Drogas dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês). Faltam estudos;
- Remdesivir: antiviral desenvolvido contra o ebola, se mostrou promissor, mas acabou descartado após estudos científicos mais completos, inclusive pela OMS. Porém, ainda é usado nos EUA e na Alemanha em pacientes que necessitam de oxigênio;
- Soro do Butantan: ainda em testes, está em desenvolvimento pelo Instituto Butantan, com a utilização de vírus ativo. Apesar de promissor, ainda falta chegar aos ensaios clínicos.
Ajuda humanitária, jeitinho e desperdício
O Ministério da Saúde está tentando doar ao Haiti 1 milhão dos 5 milhões de testes de covid-19 encalhados em um armazém federal, sob a justificativa de ajuda humanitária. Os kits devem vencer em abril deste ano. Outro lote foi oferecido a hospitais filantrópicos e santas casas, mas devem ser recusados, já que as datas de validade nas embalagens expiraram em janeiro.
Varejistas no grupo de risco
Um projeto de lei em circulação na Câmara dos Deputados tenta incluir os trabalhadores do comércio essenciais ao controle da disseminação da covid-19 e à manutenção da ordem pública. O texto é do deputado Luiz Carlos Motta (PL-SP) (imagem). Para ele, estes trabalhadores garantem o abastecimento da sociedade e estão demasiadamente expostos ao vírus. “A atividade requer contato próximo com as pessoas. Mesmo com os protocolos sanitários nos estabelecimentos comerciais, quando ocorrem, os empregados no comércio se tornam grupo de risco”, afirmou Motta.
Cepa muy amiga: Brasil-Argentina
A Argentina detectou a circulação de duas variantes de origem brasileira (Manaus e Rio de Janeiro) em seu território. O anúncio foi dado pelo ministro da Saúde argentino, Ginés González García, pelo Twitter. A detecção foi realizada pelo Instituto Estatal Carlos Malbrán.
3ª dose!
Pesquisadores da Universidade de Leicester, no Reino Unido apontam que após estudos preliminares, as vacinas perdem parte da eficácia contra as mutações presentes nas variantes da África do Sul e de Manaus, apontou a reportagem da BBC Brasil. A maior preocupação dos pesquisadores é a capacidade do vírus de adaptabilidade. Por isso, pessoas já vacinadas poderão precisar de uma terceira dose de reforço.
Vacinas aos ilegais: Reino Unido
Repetindo a decisão dos Estados Unidos, os imigrantes sem documentos no Reino Unido também terão direito à imunização sem precisar comprovar permissão de residência. Um porta-voz do governo afirmou que as vacinas serão oferecidas a todos que vivem no país, independentemente do status migratório. Além disso, exames e tratamento contra a covid-19 não estarão sujeitos aos controles da Imigração.
Incentivo pela fé
O esforço para vacinar a maior parte da população e para romper desconfianças contra as vacinas fez o governo britânico implantar centros de imunização em templos hindus e mesquitas, apontou a reportagem da rede Al Jazeera. Em Birmingham, o Centro Islâmico Al-Abbas espera vacinar até 500 pessoas nas próximas semanas. O imã da mesquita, Nuru Mohammed, explicou à rede que a decisão tem ajudado os mais desconfiados a decidir.
Bolívia contra falsificações
Os ministérios da Saúde e da Justiça da Bolívia irão agir em conjunto contra a venda de vacinas falsas.
O que mais MONEY REPORT publicou hoje
Painel Coronavírus
Dados atualizados em 08/02/21 – 18h30
Vacinados
- 131,47 milhões* (1,87% da população global)
- 3,78 milhões* (1,79% da população brasileira)
* Considerando só a primeira dose
Casos confirmados
• 9.548.079 – acumulado
• 23.439 – casos novos
• 8.447.645 – casos recuperados
• 868.264 – em acompanhamento
• 4.544,0– incidência por grupo de 100 mil habitantes
Óbitos confirmados
• 232.170 – óbitos acumulados
• 633 – óbitos novos
• 2,43% – Letalidade
• 110 – mortalidade por grupo de 100 mil habitantes
Fontes: Ministério da Saúde, consórcio de veículos de imprensa e Faculdade Johns Hopkins (EUA)