A primeira edição do ano da Pesquisa Febraban de Economia Bancária e Expectativas mostra que a carteira total de crédito deve apresentar crescimento de 7,3% em 2021 em relação a 2020. A alta deve ser impulsionada principalmente pelas linhas com recursos livres dos bancos. Na avaliação da federação, o percentual sinaliza a tendência de melhoria na avaliação do cenário se comparada com a registrada na edição da sondagem feita em dezembro, cuja estimativa de crescimento para a carteira total era de 7%.
“Mesmo em um cenário de grandes incertezas, elevado aumento do risco e de aguda retração econômica, o crédito, em 2020, funcionou como um muro de contenção e os bancos irrigaram a economia com forte expansão de sua carteira”, destacou Isaac Sidney, presidente da Febraban. “Neste ano, o crédito continuará a ser fator relevante para impulsionar os negócios e alavancar a retomada das atividades. 2021 deve ser um ano igualmente desafiador, mas com boas expectativas de crescimento também robusto do mercado de crédito, liderado pelas linhas com recursos livres, que devem crescer novamente perto de dois dígitos”, acrescentou o dirigente.
O bom desempenho do mercado de crédito deve dar tração à atividade econômica. Para 47,6% dos analistas ouvidos, o PIB de 2021 deve crescer entre 3% e 3,5%. Já 38,1% dos respondentes enxergam um cenário ainda mais otimista, com expansão da economia superior a 3,5%.
“Além da aceleração do plano de vacinação, que é premissa inafastável, outros fatores podem sustentar um crescimento mais robusto do PIB neste ano, como o cenário de baixa taxa de juros, no Brasil e no mundo, o baixo nível de estoques, a poupança acumulada e demanda reprimida e, ainda, a possibilidade de novos estímulos econômicos”, avaliou Isaac.
O levantamento da federação dos bancos também indicou que o início do processo de elevação da taxa básica de juros (Selic) não deve ser imediato. Para 61,9% dos analistas das instituições ouvidos, o Copom deve começar o ciclo de subida da Selic apenas na reunião de maio, que ocorrerá nos dias 4 e 5. A trajetória esperada pela mediana das projeções coletadas pelo levantamento aponta alta de 0,25 ponto percentual (pp) da taxa nas reuniões de maio, junho e agosto. Esse movimento ganharia força no encontro de setembro, quando a taxa subiria em 0,5 pp.
No entanto, mesmo que a Selic suba para 3,75% ao ano no fim de 2021, a entidade considera que ela ainda estaria perto de zero em termos reais e abaixo do que a maioria dos analistas considera como a taxa neutra da economia brasileira. “Neste patamar, a taxa básica de juros mantém a política monetária estimulativa para a atividade econômica. Mas sem o grau extraordinário utilizado ao longo de 2020, dado que a economia não se encontra mais em nível tão deprimido”, completou o presidente.