A Segunda Turma do STF garantiu nesta semana à defesa do ex-presidente Lula o acesso às mensagens hackeadas de procuradores da Operação Lava-Jato no Paraná. Os arquivos, apreendidos na Operação Spoofing, foram liberados dentro da tentativa dos advogados de buscarem a suspeição do ex-juiz Sergio Moro nos casos relacionados ao petista.

A autorização da Corte, por enquanto, beneficia apenas Lula, mas pode abrir uma brecha para outros alvos da ação deflagrada para investigar um amplo esquema de corrupção na Petrobras. A possibilidade fez os integrantes da então força-tarefa, encerrada recentemente, alertarem para o risco de anulação em série das condenações e processos.

A pedra no sapato de Lava-Jato pode ser a forma como ocorreu a troca de informações com órgãos internacionais. Segundo o blog do Jamil Chade, no UOL, os procuradores pediram e receberam dados da Suíça sobre a estrutura de offshores mantidas pela Odebrecht no exterior antes de reuniões com funcionários da empreiteira. Os diálogos via Telegram apontam que, com os dados em mãos, eles então pressionavam investigados a explicar o destino de recursos e a criação de empresas de fachada. As conversas sugerem que o compartilhamento de planilhas foi feito sem autorização dos chefes do Ministério Público suíço.

A Lava-Jato paranaense sustenta que todas as informações compartilhadas com órgãos estrangeiros foram realizadas dentro da legalidade e obedeceram regras internacionais. A porta aberta pelo STF a favor de Lula, no entanto, pode ser o caminho para que haja o questionamento sobre o uso de canais informais e a chance de invalidar as provas obtidas.