Ontem, o presidente Jair Bolsonaro disse o seguinte em Tianguá, no Ceará:
“Ataques acontecem praticamente 24 horas por dia, mas, entre esses ataques e vocês, vocês estão muito na frente. Não vão me fazer desistir porque, afinal de contas, eu sou imbrochável”.
É inevitável fazer um paralelo entre o que disse Bolsonaro e Fernando Collor, trinta anos atrás (quando afirmou ter “aquilo roxo”). Sob ataque da imprensa, os dois mandatários sacaram metáforas que ressaltam sua masculinidade, como que chamassem mais ainda os detratores para a briga.
Um país como o Brasil, porém, precisa de pacificação. Mas dificilmente isso é possível quando se têm personalidades como Bolsonaro e Collor ocupando o Palácio do Planalto. São políticos beligerantes, acostumados a dar socos na mesa, que se irritam com as críticas e pouco fazem para dar maior visibilidade ao lado bom de suas administrações. Isso gera um ressentimento que permeia toda a gestão, contaminando boa parte da equipe e contribuindo ainda mais para o clima de confronto.
No meio deste front, está o brasileiro. Um indivíduo que enfrenta, na pandemia, dificuldades econômicas semelhantes às criadas pelo Plano Collor em 1990 – uma profunda depressão, durante a qual as pessoas não conseguiam enxergar o futuro do país.
Diante de todo esse cenário – incluindo o agravamento do sistema de saúde, com falta de vacinas – só se pode chegar a uma conclusão. Devido à obstinação, afinco e tenacidade, o brasileiro é o verdadeiro ser “imbrochável” dessa história.