Lei para a dose única
A vacinação em massa sem tornou o objetivo global de 2021. Entretanto, os imunizantes necessitam de duas doses, o que encarece e prolongará a campanha. Por ser de dose única, o produto da Johnson & Johnson potencialmente seria capaz de resolver a questão. Até o final de junho, 100 milhões de doses devem ser entregues aos Estados Unidos. Reino Unido, União Europeia e Canadá também demonstram interesse pelo imunizante, criado pela Jansen-Cilag, a unidade farmacêutica da J&J, e que faz parte do rol do Consórcio Covax, da Organização Mundial da Saúde (OMS). O Brasil não possui acordos com a empresa, mas com a possibilidade de aprovação da lei que facilita a compra de vacinas, desde que aprovadas por organismos de renome, como a Administração de Alimentos e Drogas dos EUA (FDA, na sigla em inglês), o governo poderia buscar esta solução. A lei precisa ser aprovada pela Câmara dos Deputados.
2 a cada 3 intubados morre na UTI
O agravamento da pandemia obriga equipes médicas de unidades de terapia intensiva (UTI) a intubar quase metade dos internados. Desses, 2 a cada 3 não resistem e morrem durante o tratamento, apontam os dados do projeto “UTIs Brasileiras”, da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib). O estudo analisou 98 mil internações desde 1º de março de 2020, apontando que dos 46,3% (45 mil) que precisaram de ventilação mecânica, 66,3% morreram (30 mil). Aqueles que não precisam de ventilação mecânica, tiveram mortalidade de 9% (4,7 mil). Uma segunda pesquisa conduzida por oito hospitais revelou que 25% dos pacientes intubados morreram por sequelas seis meses após deixarem o hospital.
Dados assustadores
- Tempo médio de internação: 13,2 dias
- Internados com menos de 65 anos: 45,7%
- Pacientes sofrendo de comorbidades: 36%
- Precisam de ventilação mecânica: 46,3%
- Necessitam de suporte renal: 12,2%
- Mortalidade total em UTIs: 35,2%
- Mortalidade de pacientes intubados: 66,3%
- Mortalidade sem ventilação mecânica: 9%.
Não há Plano São Paulo para UTIs
São Paulo está em contagem regressiva para o colapso da saúde, mesmo com uma robusta estrutura pública e privada. De acordo com o governador João Doria (PSDB), se as pessoas não se conscientizarem, em 20 dias os leitos de UTI podem estar completamente ocupados e não há um plano B. Na sexta-feira (26), a taxa de ocupação das UTI de covid-19 atingiu 70,4%no estado. Na Grande São Paulo, o índice ficou em 70,8%. Nas regiões de Presidente Prudente, Bauru e Araraquara, a taxa de ocupação é superior a 90%. No Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, a ocupação dos 200 leitos de UTI destacados aos pacientes da pandemia está em 80%, apontou o jornal El País na sexta-feira (26). A opção de requerer os leitos privados para o SUS deixa de ser viável. No Hospital Albert Einstein, havia fila para a UTI. No Sírio-Libanês também. Enquanto isso, Doria busca medidas pouco eficazes, como um toque de recolher em vez de um segundo lockdown intenso, como o executado no início pandemia.
Anvisa inspeciona fábrica da Covaxin
Técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) visitam a fábrica Bharat Biotech, na Índia, a pedido da própria companhia. A inspeção avalia padrões de produção da matéria-prima, processos, armazenamentos, procedimentos e controles da vacina Covaxin. O trabalho deve ser ser finalizado na sexta-feira (5). Se tudo estiver certo, farmacêutica deve ser certificada pela Anvisa.
Vacinagate peruano e os mimos de Pequim
O escândalo peruano da vacinação de membros do establishment político ganhou mais capítulo. Agora o Vacinagate atingiu a farmacêutica chinesa Sinopharm. De acordo com reportagem do El País desta segunda-feira (1), um lote de vacinas foi oferecido como presente ao Ministério da Saúde, enquanto as negociações de compra seguiam. O jornal Salud con Lupa, especializado em saúde pública para a América Latina, revelou que a estatal chinesa também “doou” ao país equipamentos médicos e insumos que totalizaram US$ 860 mil. O material desembarcou entre setembro, novembro e janeiro. Após o último lote, as negociações com a farmacêutica Pfizer acabaram. A seguir, o presidente peruano, Francisco Sagasti, anunciou a assinatura do acordo com a Sinopharm para a compra de 38 milhões de doses. Agora, o Vacinagate demonstrou que iniciativas vistas como colaborações na prática eram “subornos antecipados”, conforme definiu Samuel Rotta, diretor-executivo da ONG Proética, voltada ao combate à corrupção. O Peru soma cinco ministro da Saúde desde o início da pandemia. A penúltima, Pilar Mazzetti, renunciou em 13 de fevereiro, devido à denúncia de que o ex-presidente Martín Vizcarra furou o fila da vacina. O atual ministro, Oscar Ugarte, de 76 anos, foi infectado em junho.
Aplidin, o antiviral espanhol
O medicamento contra a covid-19 da farmacêutica galega PharmaMar, Aplidin, foi reconhecido por uma equipe de investigadores internacionais, liderada pelo virologista espanhol, Adolfo García-Sastre, do Hospital Monte Sinai, de Nova York. Publicado na revista Science, os primeiros resultados de um estudo sobre a plitidepsina demonstram que a droga, inicialmente concebida para tratar o câncer, é cem vezes mais eficaz que o remdesivir, atualmente o único antiviral aprovado para tratar a doença – cuja eficácia não é garantida. A farmacêutica estabelece parcerias para começar os ensaios de fase 3, com voluntários.
2021, um ano de cautela
O diretor-executivo de emergências da OMS, Mike Ryan, afirmou ser muito prematuro pensar que a pandemia acabará este ano. Mesmo com alguma melhora da situação devido ao ritmo acelerado das vacinações em alguns países, é cedo para afirmar que o coronavírus está sob controle. “O que podemos conseguir em 2021 é evitar hospitalizações e reduzir a mortalidade no mundo”, explicou Ryan.
Twitter contra a desinformação
Em mais uma ação de combate as fake news, o Twitter fará uma nova atualização que desativará contas que desrespeitarem por 5 vezes as regras de desinformação sobre covid-19, informou a empresa nesta segunda-feira (1).
Painel Coronavírus
Dados atualizados em 01/03/21 – 20h00
Vacinados
- 244,2 milhões no mundo * (3,25% da população)
- 8,43 milhões no Brasil * (3,99% da população)
* Considerando as duas doses, quando for o caso
Leitos de UTI
- 80% de ocupação total em 18 estados brasileiros *
* Não há uma contagem sistemática e centralizada dos leitos de UTI disponíveis nas redes pública e privada do país. O levantamento de MR é baseado nas informações veiculadas na imprensa
Casos confirmados
• 10.587.001 – acumulado
• 35.742 – casos novos
• 9.457.100 – casos recuperados
• 874.181 – em acompanhamento
• 5037,9 – incidência por grupo de 100 mil habitantes
Óbitos confirmados
• 255.720 – óbitos acumulados
• 778 – óbitos novos
• 2,4% – Letalidade
• 121,7 – mortalidade por grupo de 100 mil habitantes
Fontes: Ministério da Saúde, consórcio de veículos de imprensa e Universidade Johns Hopkins (EUA) / Fiocruz