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Lula candidato? A história do Brasil parece ser escrita pelo redator de “House of Cards”

A história política recente do Brasil está repleta daquilo que os americanos chamam de “plot twist”. Nos roteiros de filmes ou de seriados, é aquele acontecimento que muda tudo, a reviravolta da história. Muitas vezes, ocorre no início do filme, quando a personagem de Janet Leigh é morta em “Psicose”. Ou ao final, quando percebemos que Bruce Willis estava morto o tempo todo em “O Sexto Sentido”.

Na política brasileira, estamos vivendo tantas reviravoltas que nossa vida parece ser escrita pelo autor da série “House of Cards”. A última dela aconteceu ontem, com o ministro Edson Fachin decidindo sozinho que as sentenças da Lava-Jato, em Curitiba, não têm validade nos quatro processos que têm como réu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro do Supremo Tribunal Federal, com isso, passou as decisões para a Justiça Federal de Brasília, que deverá julgar o ex-presidente. Neste meio tempo, Lula está momentaneamente elegível e mais candidato do que nunca.

A viabilidade da candidatura de Lula muda completamente o cenário de 2022 e o coloca, juntamente com Bolsonaro, no segundo turno presidencial. A volta do petista fere de morte as pretensões de Luciano Huck, João Doria e, principalmente, Sergio Moro (com Lula solto e com seus direitos políticos de volta, o ex-juiz será fustigado sem dó por petistas e bolsonaristas, embora na prática Fachin tenha acabado com os processos que correm sobre a parcialidade do ex-ministro). O novo panorama também prejudica Ciro Gomes, que tenta se colocar como um nome de centro e renegar um passado no qual foi considerado um bastião da esquerda.

Lula reentra no tabuleiro com um cacife eleitoral bastante razoável e não causa grandes rachas na esquerda – a não ser em um pedaço dos eleitores de Ciro. Com isso, teríamos novamente uma eleição de extremos, com Lula de um lado e Bolsonaro no outro.

É o cenário que o presidente pediu a Deus. Um candidato de esquerda forte para polarizar com ele no ano que vem, com a possibilidade de receber uma tonelada de votos vindos do Centro e da Direita, de eleitores que se decepcionaram com ele, mas o consideram um mal menor perto do PT. Bolsonaro baterá incessantemente na tecla da corrupção petista (apesar da ficha limpa de Lula) e nas agruras do socialismo. Vai jogar para a torcida e fazer uma campanha de lacradas.

Haverá espaço para uma candidatura de centro com Lula no páreo? Dificilmente. Essa disputa ficará entre ele e Bolsonaro. No photochart de hoje, quem ganharia? Bolsonaro parece ser a aposta mais certa. Ele compilaria seus próprios seguidores com centristas e integrantes da direita light, formando a maioria que precisa. O PT, por sua vez, ainda sofre os impactos da Lava-Jato e dos estertores finais de Dilma Rousseff. Por isso, dificilmente conseguiria convencer os eleitores de que passou por um processo de purificação recentemente.

Mas ainda faltam muitos meses e a entrada em cena de um novo personagem: o juiz no Distrito Federal que vai julgar o processo. E se ele nos brindar com um novo “plot twist”?

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