Em junho do ano passado, o deputado federal Fabio Faria assumiu o ministério das Comunicações, cuja pasta passou a ter também o comando da Secom. A ideia era que o novo ministro, um parlamentar jeitoso e com trânsito em várias esferas do poder – incluindo a imprensa – pudesse serenar os ânimos e dar uma nova condução à relação entre o governo e o jornalismo brasileiro.
O estilo belicoso do então titular da Secom, Fabio Wajgarten, era considerado um dos entraves para que houvesse uma relação pacífica entre órgãos de imprensa e o Planalto. Sempre questionando jornais, revistas e emissoras de TV, Wajgarten era visto como um profissional de combate, não um apaziguador. Faria surgia, assim, para preencher uma lacuna necessária.
O ministro nunca se deu bem com Wajgarten e conseguiu que ele saísse da Secom, que hoje é ocupada pelo almirante Flávio Rocha.
Apesar disso, percebe-se que Faria, de uns meses para cá, adota uma postura semelhante à do desafeto. Em vez de colocar panos quentes em situações de potencial explosivo, há momentos em que prefere jogar gasolina na fogueira.
Um exemplo disso ocorreu ontem, quando foi ao Twitter para afirmar taxativamente que a médica Ludhmila Hajjar não havia sido convidada para substituir o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Com bastante elegância, diga-se, afirmou em sua conta que “não pode ter havido recusa a convite que não foi feito”.
A regra número um da comunicação social diz que se um assunto está sumindo, deixe-o desaparecer sozinho. No momento em que Faria publicou seu post, o nome de Marcelo Queiroga já estava no radar dos jornalistas. A postagem gerou uma nova onda de notas e artigos sobre a suposta recusa da médica – algo desnecessário e contornável.
A impressão que se tem é que o estilo balístico do presidente Jair Bolsonaro vai aos poucos contaminando seus colaboradores mais próximos. E chega a atingir até colaboradores que, há pouco tempo, faziam parte da turma do “deixa disso”.