Um levantamento Febraban/Ipespe, feito entre 1 e 7 de março com 3 mil pessoas em todas as regiões brasileiras, revela como o isolamento social e as medidas adotadas para combater a pandemia do novo coronavírus impactaram a vida e as sensações das pessoas nos últimos 12 meses. O sentimento predominante é de que a situação atual está piorando e a doença se tornou uma realidade cotidiana: a maioria já tem parente ou amigo que morreu ou foi contaminado pelo vírus. Para a maior parte da população, ainda está distante o retorno à normalidade, sendo que a vacinação em massa – tida como a opção mais segura e eficaz para combater a pandemia – ocorrerá apenas no ano que vem.
A grande maioria dos entrevistados entende que a vida atual está muito diferente do que antes e os hábitos adquiridos no último ano devem se manter ou até aumentar, como é o caso do home office, uso do álcool em gel, compras online e até mesmo tirar os sapatos ao entrar em casa.
Confira os principais destaques do estudo
Situação da pandemia no Brasil: com um ano de isolamento social, a grande maioria dos brasileiros (74%) vê a situação piorando e 16% avaliam que ela está na mesma. O sentimento de que a situação está melhorando é residual: apenas 9% dos entrevistados.
Contato com mortos e doentes: a maior parte dos entrevistados tem algum amigo ou parente que foi contaminado (55%) pela Covid-19 ou que morreu pela doença (52%).
Sentimentos sobre a situação: o brasileiro ainda está dividido em relação aos sentimentos: 50% nutrem mais pensamentos positivos e 46% negativos sobre a atual situação da pandemia. O levantamento mostra que 35% dos brasileiros experimentaram recentemente sentimento de esperança, 13% alegria e 2% orgulho. Do lado negativo, 21% sentem medo, 20% tristeza e 5% raiva.
Volta à normalidade: a pandemia mudou a vida da maior parte da população. 73% dos entrevistados brasileiros afirmam que a vida está muito diferente do que era antes da doença. Para 20%, a vida já voltou em parte ao normal, sendo que 3% afirmam que nada mudou nesse período e outros 3% dizem que a vida já voltou totalmente ao normal.
Medidas contra aglomerações: para a maioria da população são necessárias medidas mais restritivas contra as aglomerações. Para a maior parte dos ouvidos (55%), a fiscalização e controle dos Estados e municípios contra aglomerações ainda está abaixo do necessário. Os que avaliam que a repressão às aglomerações está na medida certa representam 36% dos ouvidos e apenas 7% avaliam que há exagero nestas ações.
Posição sobre a vacina: é majoritário (77% dos entrevistados) o entendimento de que as vacinas são a única forma segura e eficaz de se proteger do coronavírus. Apenas 19% não confiam na imunização.
Ritmo da vacinação: maioria (81%) entende que o ritmo da vacinação no Brasil ainda é insatisfatório e lento. Menos de um quinto (16%) considera o ritmo satisfatório e normal, considerando a pouca disponibilidade da oferta dessas vacinas.
Tempo para vacinação: a perspectiva de alcance massivo da vacinação é de que ela acontecerá apenas em 2022 para 62% dos entrevistados, enquanto 29% esperam que isso deve acontecer no segundo semestre desse ano. Um percentual pequeno (5%) é mais otimista ao acreditar que a maior parte da população brasileira estará vacinada ainda nesse primeiro semestre de 2021.
Hábitos que vieram para ficar: entre os hábitos que mais devem sofrer alterações, se destacam aqueles relacionados à higiene: lavar sempre as mãos e/ou passar álcool gel (91%), a higienização dos produtos comprados e embalagens antes de guardá-los (84%), não entrar em casa com sapatos (74%). Também há elevada expectativa de manutenção ou intensificação das compras online (74%), aulas/cursos online (63%), e trabalho homeoffice com reuniões por videoconferências (59%). Metade dos entrevistados irá manter ou aumentar o hábito de conversas e confraternizações com familiares por chamadas de vídeo (52%) e as consultas de telemedicina (50%).
Planos para depois da pandemia: as restrições ao contato social na pandemia constituíram uma das privações de maior repercussão emocional. “Encontrar os familiares que não têm visto” aparece no topo do ranking de coisas que as pessoas gostariam de fazer quando a população estiver imunizada (31%). Em segundo lugar, 19% preferem viajar. Na sequência, 11% dizem que querem encontrar amigos e 9% farão uma comemoração. Há também aqueles que querem prioritariamente voltar às aulas presenciais (7%); ir a shoppings, bares e restaurantes (4%) ou voltar ao trabalho presencial (4%).
Mudanças causadas em sua vida: depois de um ano de pandemia, várias mudanças ocorreram na vida das pessoas. Perguntados sobre as alterações ocorridas nesse período, 58% respondeu que foram em suas finanças e relações interpessoais Em seguida, vem a saúde mental e emocional (57%) e o ambiente de trabalho (53%). A forma de consumir também mudou e foi apontada por 38% das pessoas, assim como os estudos e a saúde física (ambas 35%). A fé e a espiritualidade foram as mais abaladas para 25%.
Comportamento na pandemia: a pesquisa mostrou que 93% dos brasileiros estão usando máscaras para sair de casa e que as pessoas mantiveram as atividades essenciais. Quase a totalidade sai de casa para ir ao supermercado: 26% vão sempre e 65% vão algumas vezes. Quase quatro em cada dez pessoas (39%) sempre saem para trabalhar e 20% se deslocam ao trabalho algumas vezes. Um terço (34%) não sai para trabalhar e 6% já não saíam antes da pandemia. Por outro lado, 72% deixaram de ir a restaurantes e bares e 77% não estão frequentando praias.