A revista EXAME publicou ontem uma pesquisa inédita. Há dois destaques neste estudo: a desaprovação do governo chegou a 49 % e 77 % acham que o calendário de vacinação contra a Covid-19 está atrasado.
Boa parte desses resultados podem ser creditados à gestão do ministério da Saúde (encarnação Eduardo Pazuello), agindo de forma dúbia e perdendo prazo precioso na aquisição de vacinas, tornando o processo de imunização mais lento que o desejado. Além disso, o exemplo dado pelo presidente Jair Bolsonaro, estimulando aglomerações e aparecendo em público sem portar máscara facial, também pode explicar parte dessa rejeição.
No entanto, apesar de o governo ter contribuído para o agravamento da pandemia, é preciso também apontar o dedo para outro culpado: os brasileiros que se aglomeraram sem precauções a partir do final de 2020. Evidentemente, se houvesse um programa de vacinação disponível, os números da catástrofe seriam menores. Mas esses indivíduos – em sua maioria, jovens de classe média ou de classe alta – sabiam do risco que corriam e, mesmo assim, se contaminaram, espalhando o vírus desenfreadamente.
Além dos frequentadores dessas baladas clandestinas, temos também os organizadores destes eventos. Pessoas sem escrúpulos que não se preocuparam com a disseminação do vírus e preferiram pensar apenas no próprio bolso. O lucro fugaz, porém, gerou uma onda de contaminação que deu início à pane do sistema de saúde – e uma nova paralisação da economia, devido à instituição de vários lockdowns pelo país.