Generais convocaram seus subordinados nos quartéis para acalmar os ânimos devido à crise entre o Palácio Planalto e as Forças Armadas, aponta o jornal O Estado de S.Paulo desta quinta-feira (1º). O desconforto político ocorre no 57º aniversário do golpe militar de 1964, dias após a intervenção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no ministério da Defesa que ocasionou na demissão do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, que foi seguida pela debandada dos chefes das Forças Armadas em protesto à decisão.
O Planalto teve que se movimentar rápido para nomear novos comandantes e nomear o novo ministro, Walter Braga Netto, antes que o cima piorasse. A rapidez com que os novos comandantes foram apresentados deixou dúvidas sobre os critérios de escolha. Tanto que Bolsonaro recuou para honrar os critérios de antiguidade para a escolha dos comandantes das forças.
Longe de Brasília, generais mostraram descontentamento. Em Boa Vista, Roraima, o general de divisão Antônio Manoel de Barros, comandante da Operação Acolhida, reuniu seus homens em um pátio quase ao mesmo tempo que o anúncio do novo comando e. em vez de um alinhamento ao governo, o discursou sobriamente. Barros explicou que muitos estavam chateados com a demissão do agora ex-comandante Edson Leal Pujol e ponderou sobre o exercício da prerrogativa presidencial. Porém, reforçou que as Forças Armadas tem um papel de Estado e de garantia constitucional. Em menor grau, a cena se repetiu em outros quartéis.
Se no início da crise o presidente queria mais engajamento dos generais nas questões políticas, conseguiu da pior maneira possível. Em seu favor, obteve mesmo foi uma mudança no ordem do dia em 31 de maio, data oficial do golpe que ocorreu ocorrido em 1º de abril. O ministro Braga Netto, general da reserva, elogiou a herança da aventura autoritária que afetou o país por 20 anos. O tom anterior, preparado por Azevedo e Silva era de preservação da ordem institucional, com as Forças Armadas reforçando seu papel de agentes do estado em vez de representantes de um governo eleito.
Mesmo assim, ainda há alguma desconfiança. No caso do Exército, em específico, o generalato acredita que o comandante Paulo Sérgio Nogueira será monitorado de perto pelo presidente, principalmente quando o assunto for combate à pandemia e humores políticos fora da caserna.