Um estudo global da Deloitte, com a participação de executivos brasileiros, aponta que as empresas de todo o mundo estão cada vez mais comprometidas em lidar com as mudanças climáticas, mas suas ações de sustentabilidade podem variar de acordo com cada companhia. O levantamento revela que mais de 80% dos CXOs (executivos do alto escalão, o chamado C-Level) estão preocupados com o assunto e reconhecem a necessidade de que precisam ir além dos compromissos já estabelecidos para ações mais práticas. Embora a pandemia do novo coronavírus tenha paralisado os esforços de sustentabilidade para dois terços das companhias, o tema continua sendo prioridade para os líderes que planejam expandir os esforços nos próximos anos pós-crise sanitária.
A sondagem foi feita entre janeiro e fevereiro de 2021 para entender melhor as perspectivas dos líderes empresariais à medida que a conversa sobre o clima evolui e o mercado muda. A pesquisa constatou que a sustentabilidade não é mais um pedido, mas uma expectativa para os stakeholders. É também um imperativo empresarial que tem se mostrado benéfico na retenção de talentos e na melhoria do desempenho financeiro.
Mais de 30% dos executivos afirmam que suas organizações estão começando a sentir os impactos operacionais dos desastres relacionados ao clima e mais de um quarto delas está enfrentando a escassez de recursos devido às mudanças climáticas. As organizações estão se concentrando em políticas públicas, uso sustentável de materiais e trabalhando com fornecedores para atender aos padrões climáticos. No entanto, quase dois terços das organizações precisarão pausar ou reduzir esses esforços no próximo ano devido à pandemia.
Aproximadamente metade dos entrevistados indicou ter visto iniciativas de sustentabilidade ambiental melhorar a satisfação do cliente e as métricas financeiras. Quase metade dos executivos também percebe um impacto mensurável no meio ambiente, como a redução das emissões de carbono. Organizações líderes estão ampliando suas ações, incluindo o incentivo ao teletrabalho (38%) e a compra direta de energia renovável (36%). Por outro lado, o relatório aponta que as organizações poderiam estar fazendo mais para definir metas mensuráveis de redução de carbono e introduzir mais responsabilidade executiva – apenas 40% das organizações se comprometeram com metas de redução de carbono baseadas na ciência. E menos da metade das organizações criaram um cargo de sustentabilidade sênior e menos de 20% estão vinculando a remuneração dos líderes seniores a metas de sustentabilidade ambiental.
“A mudança climática não é mais algo distante, mas sim uma realidade. No Brasil a situação não é diferente. A preocupação com a situação climática é crítica, mas percebemos que os executivos ainda não sabem como se posicionar em termos práticos e isso envolve colocar esse tipo de temática na agenda central das empresas. Essa preocupação se insere no ESG (Environmental, Social and Governance), que é uma discussão maior que exige das organizações uma postura clara e ações efetivas voltadas ao desenvolvimento ambiental, às contribuições sociais e à governança”, destacou Anselmo Bonservizzi, líder da Deloitte para Riscos Empresariais e ESG.