O desmatamento da Amazônia em março foi o maior registrado para o mês em dez anos, apontou o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) nesta segunda-feira (19), baseado em dados do Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD), que se vale da plataforma Google Earth. Em março, 810 km² de floresta foram desmatadas, uma área do tamanho do município de Goiânia. A taxa é 216% maior que a de março de 2020 e a maior desde 2011. Para o acumulado de janeiro a março de 2021, foram registrados 1.185 km² de áreas devastadas. O aumento surpreende os pesquisadores, por este ser um período chuvoso que dificultaria a derrubada das árvores.
O registro surge às vésperas da Cúpula do Clima, que começa nesta quinta-feira (22). No evento, o presidente Jair Bolsonaro deve sofrer duras cobranças de parceiros internacionais, já que após desdenhar da veracidade dos dados, se vê obrigado a pedir ajuda econômica em troca da preservação.
- As maiores devastações: Pará (35%), no Mato Grosso (25%), Amazonas (12%), e Rondônia (11%). Desmatamento, 66%, em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse, 22%, em assentamentos, 11%, em Unidades de Conservação e 1%, em terras indígenas.
Além disso, nesta terça-feira (20) a Polícia Federal (PF) cumpre 27 mandados de busca e apreensão contra proprietários de terras do sul do Amazonas suspeitos de desmatamento, queimadas e uso irregular de terras da União. A operação Pentaedro do Fogo utiliza informações do satélite Planet para cruzar imagens de focos de incêndio.
A operação faz parte de uma iniciativa da PF que, na semana passada, resultou na troca do superintendente estadual. Foi uma represália do Planalto contra a tentativa de investigação contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (imagem acima), por participação em crimes ecológicos. Os servidores do próprio ministérios alegam ser vítimas de perseguição interna por tentaram cumprir com suas tarefas de fiscalização. Os episódios ganham reiterada repercussão internacional negativa.