O ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, é o responsável pela desorganização do Plano Nacional de Vacinação (PNI) que levou à falta de segundas doses de vacina para os imunizados no final de abril e início de maio. É o que aponta reportagem da Globonews desse domingo (2). Ao longo da semana, oito capitais tiveram que limitar as aplicações.
Em 19 de fevereiro, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde, Pazuello orientou os municípios a usarem seus estoques de segunda dose para imunizar os prioritários da vez, na crença que as entregas de vacinas se manteriam no ritmo – naquele momento as entregas já oscilavam. A partir daí, começam orientações contraditórias que devem complicar a vida do ex-ministro na CPI da Pandemia no Senado, que investiga as ações do governo.
Cinco dias depois, em 24 de fevereiro, já com falta de imunizantes, o ministério volta atrás e recomendou a manutenção dos estoques para segunda dose. Menos de um mês depois, em 20 de março, já em uma situação insustentável diante do aumento das infecções e três dias antes de deixar o cargo, o ministério comandado por Pazuello volta a recomendar que os municípios não mantenham estoques – mesmo diante da aberta falta de insumos para imunizantes e dificuldades na obtenção de doses prontas. “Com a liberação para aplicação de imediato de todo o estoque de vacinas guardadas nas secretarias municipais, vamos conseguir dobrar a aplicação”, declarou. A orientação para manutenção de reserva só retorna na segunda-feira da semana passada, 26 de abril, mais de um mês depois de o atual ministro, Marcelo Queiroga, assumir a pasta.
Infectologistas e sanitaristas ouvidos pela reportagem foram categóricos em apontar o erro. Como o prazo de validade em estocagem nos postos de saúde é curto, assim como o período entre a primeira e a segunda dose, a recomendação técnica é utilizar só a metade do recebido e guardar as demais para o reforço.
Até fim da tarde deste domingo (2), oito capitais haviam deixado de vacinar: Aracaju (SE), Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), Porto Alegre (RS), Porto Velho (RO) e Recife (PE), por falta de estoque; Fortaleza (CE) por ter estoque insuficiente; e Rio de Janeiro (RJ), que suspendeu por 10 dias a CoronaVac/Butantan e só mantém a AstraZeneca/Oxford/Fiocruz. Em Salvador (BA), só recebem a segunda dose da CoronaVac quem deveria ser inoculado em 29 e 30 de abril; em Macapá (AP), só idosos acima de 65 anos que poderão ser beneficiados.
Outro ponto que revela a falta de coordenação nacional foi a determinação que cada estado decidisse a ordem dos grupos prioritários.
Capitais onde faltou segunda dose na semana passada
- Aracaju
- Fortaleza
- Macapá
- Natal
- Porto Alegre
- Porto Velho
- Rio de Janeiro
- Teresina
Cidades do estado de São Paulo
- Águas de São Pedro
- Águas de Lindóia
- Caçapava
- Cajamar
- Jacareí
- Juquitiba
- Morungaba
- São Lourenço da Serra
- Sorocaba
- Vinhedo