Os senadores contemplados pelo orçamento paralelo e secreto de R$ 3 bilhões para emendas querem classificar toda a sua documentação no Senado como ultrassecreta, aponta uma reportagem do jornal O Estado de S.Paulo desta quarta-feira (12). É o que tenta o senador Fernando Bezerra (MDB-PE), detentor da terceira maior cota (R$ 125 milhões) da bolada conhecida como Tratoraço, pois serviria para comprar apoio parlamentar às iniciativas do governo. Declarar o sigilo, seria uma forma de evitar a aplicação da Lei de Acesso à Informação.
Há outros argumentos tão frágeis quanto para evitar a divulgação. Com R$ 32 milhões, o senador Carlos Viana (PSD-MG) explicou que o caso geraria especulações, ataques à sua honra, a seus familiares e ao Senado. O líder do governo no senado Ciro Nogueira (PP-PI), detentor da segunda maior cota, de R$ 135 milhões, recorreu à Advocacia da Casa para tentar escapar das perguntas do Estadão. Para Nogueira, parlamentar não é obrigado a testemunhar sobre informações recebidas em razão do exercício de seu mandato, que é uma atividade de representação eletiva e pública.
Dos 52 senadores procurados pelo jornal, 20 não responderam aos questionamentos sobre o Tratoraço. A Lei de Acesso à Informação obriga os entes públicos a se manifestarem no prazo inicial de 30 dias.
Vale destacar que o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) iniciou a coleta de assinaturas para requerer ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), a abertura de uma CPI, para investigar o orçamento secreto. Ele precisa das assinaturas de 171 deputados.