Abastecida pela USP São Carlos e pela Unesp, a plataforma Info Tracker mostra que o ritmo atual de transmissão da covid-19 no estado de São Paulo é semelhante à do início da segunda onda de covid-19, em dezembro, aponta o jornal O Estado de S. Paulo desta sexta-feira (28). Na quinta-feira (27), a taxa média era de 1,17, ou seja, cada 100 pessoas infectadas podem contaminar outras 117. Em 14 de dezembro, a taxa era de 1,25. A alta transmissão no final do ano passado levou a um aumento de casos, causando colapsos nos sistemas de saúde em diversas cidades e forçando a adoção de lockdowns.
Nesta quarta-feira (26), o governador João Doria (PSDB-SP) suspendeu a flexibilização das medidas restritivas que entrariam em vigor em 1º de junho. Para o cientista de dados e professor da Unesp, Wallace Casaca, a alta na taxa de contágios reflete o aumento nos casos, desta vez devido à ação de variantes como a P.1. Para ele, a terceira onda já começou e pode ser pior que a de março. “Quando não temos uma grande população imunizada, o isolamento social é determinante”, afirmou.
O norte do estado puxa a taxa média para cima. Em São João da Boa Vista, a taxa é de 1,67, a mais alta. Cada 100 contaminados da cidade podem transmitir o vírus para 167 pessoas. No final de dezembro, a taxa era de 0,97. Com o terceiro maior índice, Franca adotou o lockdown na quinta-feira (27). Na região, a taxa de transmissão está em 1,56. Em Araçatuba e Campinas, com taxas respectivas de 1,41 e 1,39, as prefeituras reduziram as atividades.
Na região metropolitana de São Paulo, os índices variam. A segunda taxa mais alta do estado, 1,62, está na Grande São Paulo Sudoeste (Embu-Guaçu). Já a segunda menor, com 0,76, é a da Grande São Paulo Norte (Mairiporã). Nos municípios da Grande São Paulo Sudeste (Diadema), a taxa de contágio é de 0,88, a terceira menor. Também têm índices de contágio mais baixos a Baixada Santista (0,92), Bauru (0,93), Taubaté (0,96), Presidente Prudente (0,97), São Paulo, capital (0,98), Grande São Paulo Leste (1,02) e Sorocaba (1,09). Os resultados refletem os níveis de adoção das restrições de circulação pelos moradores.
A região de Registro, no Vale do Ribeira, tem o menor contágio. Cada 100 pessoas infectadas passariam o vírus para outras 53, indicando que uma redução está em curso. Cortada pela rodovia Régis Bittencourt, a região é a mais isolada do estado. A prefeitura explicou que adotou medidas de controle desde o início do ano, criando uma central de monitoramento aos casos suspeitos e para denúncia de quebra do isolamento. Um terço da população está imunizada. “Temos 83% de ocupação nas UTIs de referência regional, o que não nos permite mudar a postura”, explicou a administração do prefeito Nilton Hirota (PSDB).