Munido de um habeas corpus para se esquivar de questionamentos se teria se beneficiado de um esquema de corrupção na área da Saúde, o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel aproveitou o palco político da CPI da Pandemia para fazer acusações contra o governo federal e o presidente Jair Bolsonaro. Witzel ligou o seu processo de impeachment ao caso da vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018, bateu boca com o senador e ex-aliado Flávio Bolsonaro, filho do presidente, e repentinamente decidiu ir embora da audiência sem apresentar explicações.
Já no começo de sua fala, o ex-governador apontou uma suposta omissão da gestão Bolsonaro no enfrentamento à crise sanitária. “Os governadores, prefeitos de grandes capitais e prefeitos de pequenas cidades ficaram totalmente desamparados do apoio do governo federal. Isso é uma realidade inequívoca que está documentada em várias cartas que nós encaminhamos ao presidente da República”, declarou.
A morte de Marielle – ou mais precisamente o andamento das investigações – foi usada por Witzel para relatar uma perseguição contra ele no comando do estado. “Tudo isso começou porque eu mandei investigar sem parcialidade o caso Marielle. Quando foram presos os dois executores da Marielle, o meu calvário e a perseguição contra mim foi inexorável. Ver um presidente da República em uma live lá em Dubai, acordar na madrugada, para me atacar, para dizer que eu estava manipulando a polícia do meu estado. Ou seja, quantos crimes de responsabilidade esse homem vai ter que cometer até que alguém pare ele”, questionou. O assunto foi a deixa para a discussão com Flávio, com direito a chamar o filho do presidente de “mimado”.
Quando era inquirido pelo senador Eduardo Girão (Podemos-CE) sobre as apurações de superfaturamento enquanto foi governador do Rio, Witzel decidiu fazer uso do habeas corpus e pediu ao presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), para encerrar a sessão. O ex-gestor abandou a sala sem comentar os motivos para a decisão.