A iminência do agravamento da crise hídrica que atinge os reservatórios das principais hidrelétricas da Bacia do Rio Paraná aumenta o interesse em fontes energéticas alternativas e de carbono zero já disponíveis. É o caso da energia solar, que pode alcançar 6 gigawatts (GW), equivalente a pouco mais de 40% da geração da usina de Itaipu, a segunda maior hidrelétrica do mundo em capacidade instalada. Se adicionada a geração distribuída (GD) – energia de consumidores independentes -, só em 2020 foram mais 2,5 GW, informa a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), perfazendo meia Itaipu. Sem contar mais 5 GW aguardando aval para entrar em operação só em Minas Gerais.
Mesmo sendo a fonte que mais cresce na composição da matriz energética brasileira, a solar é uma prima pobre, perfazendo só 1,1% da geração, ficando em sexto lugar, de acordo com o “Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2020”, do Ministério de Minas e Energia. A fonte hidrelétrica lidera, com 63,5%, seguida do gás, com 9,6%, e da eólica, com 8,9%.
A fonte solar não deveria ser ignorada, já que sua oferta pode ser ampliada com menor dificuldade. Há no país 518 mil sistemas solares conectados à rede que abastecem 652 mil unidades consumidoras, entre casas e empresas. Ao longo dos últimos 9 anos, o setor acumula mais de R$ 30 bilhões em investimentos, tendo gerado 180 mil empregos. Com isso, o setor quer mais espaço na política energética e incentivos para crescimento.
Nesta terça-feira (29), a Absolar encaminhou às Minas e Energia uma série de propostas para aliviar a crise hídrica. Foi pedido ao ministro Bento Albuquerque que o governo estabeleça incentivos à geração de energia solar com investimentos de consumidores e que atue junto às distribuidoras para destravar projetos de geração própria, em telhados e pequenos terrenos que eventualmente podem ser conectados à rede de distribuição. Ainda hoje, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ajustou a tarifa da bandeira vermelha em 52%.