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Nº 204: ButanVac; sommeliers de vacinas; CPI do depoimento sem noção

Butantan vai testar

A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) aprovou, nesta quinta-feira (1º), os testes clínicos com a ButanVac, vacina em desenvolvimento pelo Instituto Butantan e um consórcio internacional. Para os testes serem iniciados, ainda falta uma última aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O diretor do Butantan, Dimas Covas afirmou que assim que o imunizante estiver disponível, o Brasil estará em condições de enviar vacinas para outros países, principalmente os mais pobres.

Sobre a ButanVac

  • Utiliza o vírus da doença de Newcastle geneticamente modificado;
  • O vetor viral contém a proteína spike do coronavírus;
  • A doença de Newcastle é uma infecção que afeta aves e, por isso, também se desenvolve bem em ovos embrionados;
  • O vírus não causa sintomas em seres humanos – é inativado para a formulação da vacina -, facilitando sua estabilidade;
  • A vantagem é independência. Toda sua produção será local, sem necessidade de importação do ingrediente farmacêutico ativo (IFA).

Algum alívio nas UTIS

As taxas de ocupação das UTI no SUS, observadas em 28 de junho de 2021, mostram quedas expressivas no Nordeste e no Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Já Tocantins, Paraná e Santa Catarina apresentam situações preocupantes. De acordo com o levantamento, 8 estados estão com mais de 80% dos leitos de UTI do SUS ocupados.

  • Alerta crítico: Distrito Federal (81%), Goiás (85%), Mato Grosso do Sul (88%), Paraná (94%), Roraima (87%), Sergipe (88%), Santa Catarina (92%) e Tocantins (90%);
  • Alerta intermediário: Amazonas (63%), Pará (64%), Maranhão (79%), Piauí (76%), Ceará (74%), Rio Grande do Norte (72%), Pernambuco (76%), Alagoas (77%), Bahia (75%), Minas Gerais (75%), Espírito Santo (63%), Rio de Janeiro (63%), São Paulo (76%), Rio Grande do Sul (79%), Mato Grosso (75%);
  • Baixo risco: Acre (37%), Amapá (55%), Paraíba (59%) e Rondônia (58%) estão na zona de alerta baixo, com menos de 60% de leitos ocupados.

O que MONEY REPORT publicou hoje

E como ficam os brasileiros?

A decisão da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) de não incluir a Covishield indiana, a vacina da AstraZeneca fabricada sob licença pelo Instituto Serum, entre os imunizantes aprovados para seu certificado digital para viajantes provoca dúvidas em relação à entrada de brasileiros na União Europeia (UE). A Fiocruz recebeu 4 milhões de doses da Covishield formulada na Índia entre as 66 milhões que adquiriu da AstraZeneca. Na terça-feira (29), quando a agência anunciou a decisão, depois de ter detectado diferenças nas fórmulas, a União Africana argumentou que o consórcio Covax, da Organização Mundial da Saúde (OMS), distribui o imunizante fabricado pelo Serum e que a medida afetaria a entidade, que é fortemente apoiada pela UE.

Não escolha, tome a que tiver

Para acabar com a nova onda de escolher qual vacina tomar, os municípios de Juruaia (MG), São Bernardo do Campo (SP) tomaram medidas drásticas. Quem se recusar a tomar determinada vacina será colocado no final da fila para dar espaço a quem não tem frescura. As prefeituras deixaram claro que o cidadão assinará um termo de responsabilidade por se negar a receber a dose. Em São José do Rio Preto (SP), a secretária de Saúde, Michela Barcelos, afirmou: “Ao assinar esse termo, a gente vai colocar num prontuário eletrônico. Se essa pessoa for causadora de um surto dentro da empresa ou da escola, vamos quantificar os dados e pensar em outras estratégias”.

Reposição dos estoques

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que mais 8 milhões de doses serão distribuídas nos próximos 3 dias. A notícia é importante, pois há escassez vacinal em algumas capitais, como São Paulo (SP) e Fortaleza (CE).

O que o vendedor PM disse no dia mais estranho da CPI

O resumo do que o policial militar (PM) de Alfenas (MG) e suposto vendedor de vacinas da Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, disse em depoimento à CPI. Ele foi convocado após denunciar, em uma reportagem da Folha de S.Paulo, que o Ministério da Saúde cobraria propina para fechar contrato de aquisição da vacina da AstraZeneca.

  • Bola no shopping: durante um jantar, em 25 de fevereiro, no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, a propina de US$ 1 por dose foi negociada com o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, que estava acompanhado do tenente-coronel do Exército, Marcelo Blanco, e mais uma pessoa ainda não identificada. A conta foi paga em dinheiro;
  • Negociações: disse que esteve no Ministério da Saúde em três ocasiões. A primeira delas, no dia seguinte ao jantar no shopping. De acordo com a agenda pública das secretarias executivas do ministério, não houve qualquer reunião naquela data nem menção ao vendedor de vacinas;
  • Oferta estranha: os senadores desconfiaram da oferta de 400 milhões de doses, já que há escassez vacinal. “A informação que nós tínhamos era que o dono da Davati, Herman [Cárdenas], tinha acesso a locadores do mercado que eram os proprietários dessa vacina. Tanto que ele, sob pena de perjúrio da proposta comercial, ofereceu ao governo brasileiro”;
  • Quem é quem: Dominguetti Pereira afirmou que conheceu 3 pessoas da pasta: Roberto Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Elcio Franco, ex-secretário-executivo, e Lauricio Monteiro, diretor do Departamento de Imunização. Ele disse não conhecer o deputado Ricardo Barros (PP-PR);
  • Comissão astronômica: questionado sobre qual seria sua remuneração se fechasse o contrato bilionário, explicou que receberia 25 centavos de dólar por dose, o que lhe daria a quantia absurda de R$ 500 milhões se tivesse fechado o contrato para 400 milhões de doses, o que seria mais que suficiente para toda a população vacinável;
  • PM desinformado: Marcos do Val (Podemos-ES) o questionou se ao presenciar um ato de corrupção e sendo um policial militar, por qual razão não deu voz de prisão aos envolvidos ou informou às autoridades? E seguiu. “Alguém foi comunicado de sua vinda à Brasília?” O PM, com anos de experiência, afirmou que não sabia que tinha que comunicar seus superiores sobre viagens que poderiam interferir em sua escala de trabalho;
  • Internacional 1: Eduardo Braga (MDB-AM) perguntou sobre seu vínculo empregatício, ligação com o ministério e o valor do contrato negociado. “Não havia formalização, nem por contrato”. Braga citou a tentativa de golpe no Canadá e destacou que a Davati, até então, apenas vendia equipamentos de proteção e o antiviral Remdesivir, conforme seu portfólio. “Isso pode estar caracterizado como crime internacional”.
  • Direto ao ponto: Tasso Jereissati (PSDB-CE) apontou as incongruências na história do vendedor PM. “Uma empresa do porte da AstraZeneca nunca aceitaria usar uma atravessadora para negociar com governos. Seu nível de compliance e o acordo com a Fiocruz não permitem. Isso afetaria sua reputação internacional. Seu currículo não está à altura para representar uma negociação desse porte. Sua alegação que os preços oscilaram de US$ 3,5 para US$ 15,5 por dose é irreal. Vacinas não são commodities para oscilarem de acordo com o dólar. Caso fosse verdade, seria uma acusação grave de abuso de poder econômico da farmacêutica contra o Brasil. O que me parece, em seu depoimento, é que havia um golpe em curso. De quem e contra quem, eu não sei”;
  • Vendas diretas: o depoente afirmou que também fazia tratativas diretas com municípios e consórcios regionais por meio da Davati, apresentando propostas da Sputnik V e Janssen;
  • Alguém aqui: Eduardo Girão (Podemos-CE) quis saber se Dominguetti Pereira havia se encontrado com algum senador da CPI antes da sessão. Ele afirmou que não;
  • SUS: Rogério Carvalho (PT-SE) lembrou que o governo brasileiro não precisa de intermediários para adquirir vacinas. “Temos o maior programa de imunização do mundo e negociamos diretamente”;
  • Internacional 2: sobre a operação da Davati, o depoente afirmou que a operação é gerenciada nos Estados Unidos, pois a empresa não tem sede no Brasil. Os pagamentos seriam feitos por contrato de câmbio;
  • Miranda: o ponto alto da sessão foi o uso de uma gravação telefônica, na qual Dominguetti Pereira afirma que o deputado Luis Miranda (DEM-DF) teria procurado a Davati para negociar vacinas para a pasta. Porém, a suposta denúncia foi derrubada. De acordo com o deputado, o áudio de 2020 se refere à aquisição de luvas para o ministério. O que foi confirmado à CNN pelo representante da empresa no Brasil, Cristiano Hossri Carvalho.

“Vou falar direto com o cara e pedir toda a documentação do cara, pedir a prova de vida dele, o comprador meu já está de saco cheio disso e não vou fazer negócio. Se seu produto estiver no chão, meu comprador entende que é fato e encaminha toda a documentação necessária e bola para frente. Eu não me sinto nem confortável: olha encontrei uma carga. Eu não vou mais perder tempo com esse comprador, é muita conversa fiada no mercado. O cara faz uma live comigo, um Skype, mostra a carga, se quiser gravar um vídeo. Mostra o produto pra mim e eu fecho negócio, o cara fecha negócio na hora” […]

Trecho ao áudio exibido na CPI na qual o deputado Luis Miranda foi acusado de negociar vacinas

Após a denúncia, Miranda foi a um cartório no DF comprovar a data e o teor do áudio de WhatsApp. (Documentos obtidos pelo site Metrópoles). Com isso, o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), considerou que o áudio é fraudulento como prova e será descartado. O resto do depoimento será analisado pela comissão.

  • O mais importante: Izalci Lucas (PSDB-DF) questionou: “O senhor é PM. Como uma empresa internacional que negocia com o ministério chegou até você? Você estava na rua e alguém te parou e disse: ‘Tá a fim de vender vacinas?’ Isso precisa ser mais bem explicado”. O depoente apenas citou um homem chamado Odilon e não deu sobrenome.

Nas mãos da PGR

A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, encaminhou à Procuradoria-Geral da República (PGR) um pedido de investigação contra o presidente Jair Bolsonaro e o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias. A notícia-crime se refere ao pedido de propina no contrato entre o Ministério da Saúde e a Davati para a aquisição de 400 milhões de doses da Covishield. O pedido foi enviado ao STF pela deputada Natália Bonavides (PT-RN).

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Informe publicitário

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Lusitanos em toque de recolher

Portugal deu um passo para trás, principalmente nas grandes cidades, como Lisboa e Porto. Foi anunciado toque de recolher das 23h às 5h a partir de sexta-feira (2). Isso se deu devido ao aumento das infecções. Em 2 de junho, o país registrou 724 casos novos, em 30 de junho, 2.362, alta de 226,2%. Entretanto, os óbitos continuam controlados, se mantendo entre 1 e 2 por dia no período. Portugal acumula 880 mil casos e pouco mais de 17 mil óbitos. Pouco mais de 30% da população está totalmente imunizada.

Painel Coronavírus

Vacinados (cumulativos)
• 3,09 bilhões no mundo (41,2% da população)
• 101,48 milhões no Brasil (47,64% da população)

Segunda dose *
• 802,5 milhões no mundo (10,7% da população)
• 27,26 milhões de brasileiros (12,8% da população)
* dados aproximados

Leitos de UTI *
• 80% de ocupação total em 8 estados brasileiros e o DF
* Não há uma contagem sistemática e centralizada dos leitos de UTI disponíveis nas redes pública e privada do país. O levantamento de MR é baseado nas informações veiculadas na imprensa

Casos confirmados no Brasil
• 18.622.304 – acumulado
• 65.163 – novos infectados
• 16.931.272 – recuperados
• 1.170.937 – em acompanhamento
• 8.861,6 – incidência por grupo de 100 mil habitantes

Mortes confirmadas no Brasil
• 520.095 – óbitos acumulados
• 2.029 – novas vítimas fatais
• 2,8% – letalidade
• 247,5 – mortalidade por grupo de 100 mil habitantes

Dados atualizados em 01/07/21 – 19h30

Fontes: Ministério da Saúde, consórcio de veículos de imprensa, Universidade Johns Hopkins (EUA) e Fiocruz

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