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Não adianta odiar o mercado. Melhor aprender a usá-lo

Quanto mais cedo entender, melhor será sua vida

Recentemente, vi um cidadão reclamando do “capitalismo” no Twitter. Ele estava frustrado com o fato de que só consegue ganhar dinheiro caso seu trabalho seja valorizado por alguém. Isso, segundo o cidadão, é a prova de que o capitalismo não presta.

Para começar, ele escolheu o culpado errado.

O capitalismo (vamos pressupor que, por este termo, ele esteja se referindo ao “livre mercado”) não determina nada sobre o que é valioso e sobre o que deve ser valorado. O capitalismo é simplesmente um sistema de comunicação que retransmite informações sobre realidades que sempre existiram. Quais realidades? As básicas: os recursos são escassos; as pessoas valorizam diferentemente cada bem ou serviço; as pessoas querem satisfazer seus desejos.

De tudo isso surge o sistema de preços.

O que é realmente notável sobre o livre mercado é que ele fornece informações melhores, mais rápidas, mais claras e mais detalhadas sobre a realidade do que qualquer outro arranjo. O mecanismo de preços nos deixa saber o que está sendo mais valorado pelas pessoas, o quanto a mais, e em relação ao quê. Ele transmite a informação necessária para que as pessoas direcionem corretamente recursos e os utilizem em seu melhor potencial, desta maneira criando riqueza.

Se você comprar tintas e um quadro em branco por $100, pintá-lo ao seu gosto, mas ninguém quiser comprar seu trabalho final por mais de $50, você provavelmente ficará irritado com o mercado. “Ninguém valoriza meu trabalho!”. Mas isso seria uma atitude tola. O mercado apenas comunicou a você uma simples realidade: as pessoas valorizam o quadro em branco e a tinta muito mais do que aquilo que você criou utilizando esses dois materiais. O seu trabalho não criou valor para ninguém. Você gostaria que as pessoas dessem mais valor à sua “obra de arte”, mas elas não concordam.

Pior ainda: as pessoas estão voluntariamente lhe dizendo que você destruiu valor. Você adquiriu materiais que valiam $100 e então adicionou criatividade e mão-de-obra a esses materiais, e gerou um produto final valorado em apenas $50 pelas pessoas. Você não apenas teve um prejuízo financeiro, como também subtraiu riqueza da sociedade, imobilizando recursos escassos em produtos pouco valorados. 

Este simples exemplo contém lições valiosas. Não é a “dificuldade” do seu trabalho e nem muito menos o seu gosto pessoal o que irá determinar seus ganhos financeiros, mas sim a maneira como as pessoas voluntariamente valorizam aquilo que você produz.

Se a sua produção não agrada os gostos subjetivos dos consumidores, nada feito.

O valor de um produto ou serviço, bem como o quanto você será remunerado por ele, não deriva da quantidade de trabalho despendida em sua execução. Tampouco depende do quão belo você pensa que seu trabalho é. O valor de um bem (seja uma mercadoria ou um serviço) depende do uso e do grau de importância pessoal (subjetiva) que um consumidor voluntariamente confere a ele. Se o bem servir para algum fim ou propósito, então terá valor para ao menos essa pessoa. Você terá criado riqueza. Caso contrário, você terá destruído riqueza.

Quanto mais cedo você aceitar essa realidade, mais rapidamente poderá se reajustar, se adaptar e descobrir como criar riqueza para você criando valor para terceiros.

Não tente adulterar

Um mundo em que estes sinais enviados pelo mecanismo de preços estão ocultos ou distorcidos — por leis, subsídios, regulações, protecionismos, impostos ou mesmo por suas próprias ilusões — é um mundo que está continuamente destruindo valor e destruindo recursos escassos, retirando-os de suas melhores utilizações e os direcionando para as piores.

É um mundo que está, na melhor das hipóteses, retardando a criação de riqueza.

Conhecemos vários arranjos que já tentaram isso, e o resultado é sempre o mesmo: pobreza em massa, fome, mortes, e a insignificância do indivíduo. Parece dramático, mas é verdade.

Não há como alterar a realidade. Você pode, no máximo, apenas tentar adulterar o sistema (capitalismo) que comunica essa realidade. Porém, quanto piores as informações que você tiver sobre a realidade, piores serão as suas tentativas de navegar em busca de seus objetivos. Mais frustrado você será, e mais riqueza destruirá.

Conclusão

O mercado é apenas um processo de comunicação por meio do qual os seres humanos tentam decidir qual a melhor maneira de utilizar recursos escassos de modo a satisfazer os mais urgentes desejos e necessidades.

Transações comerciais e preços de mercado são a maneira como explicitamos as nossas percepções subjetivas de valor. Cada transação que foi realizada ou que deixou de ser realizada nos permite encontrar melhores maneiras de produzir bens e serviços que estão sendo mais valorizados pelas pessoas.

Querer distorcer os sinais de mercado para fazer com que eles se conformem aos seus desejos não apenas é contraproducente, como ainda é destrutivo para o bem-estar de todos. Isso fará apenas com que os incentivos fiquem errados, com que a realidade seja obscurecida e com que a riqueza deixe de ser criada.

Acima de tudo, tornará piores e mais frustrantes seus objetivos de realização pessoal.

Sim, o livre mercado é seu amigo, e ele está constantemente lhe passando informações sobre o que você deve ou não deve fazer.

Não fique irritado com as informações. Aprenda a usá-las.

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Isaac Morehouse

Publicado anteriormente em: https://cutt.ly/um2DUF0

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