O presidente Jair Bolsonaro afirmou, em 7 de junho, no “cercadinho” do Palácio Alvorada, que as mortes por covid-19 no Brasil eram menores que o registrado oficialmente. Até aí seria mais uma declaração sem fundamentação, só que daquela vez o chefe do Executivo se valeu de documentos do Tribunal de Contas da União (TCU) que corroborariam a informação. Porém, o autor do relatório original, o auditor Alexandre Costa Marques (imagem), desmentiu o mandatário, em 28 de julho, à comissão disciplinar do TCU constituída para investigar sua conduta. O depoimento foi compartilhado com a CPI da Pandemia e vazou à imprensa, sendo veiculado na ultima sexta (13), pelo jornal Folha de S.Paulo e pela TV Globo.
Marques alegou que as informações divulgadas foram manipuladas, provavelmente na Presidência da República, e que Bolsonaro foi irresponsável ao vender a ideia que mais da metade dos óbitos eram supernotificados. A acusação contra o Planalto é grave e lhe rendeu um convite. Ele será ouvido pela CPI na terça-feira (17).
“Quando eu vi o pronunciamento do presidente Bolsonaro, eu fiquei totalmente indignado, porque achei totalmente irresponsabilidade o mandatário da nação sair falando que o tribunal [TCU] tinha um relatório publicado, que mais da metade das mortes por covid não era por covid. Eu achei bem, uma afronta a tudo que a gente sabe que acontece, a todas as informações públicas, à ciência, etc”.
Servidor do TCU, Alexandre Costa Marques
Em nota, o TCU reiterou a veracidade dos dados originais. De acordo com os dados do Ministério da Saúde, neste domingo (15) o Brasil registrava 576.411 mortes decorrentes de covid-19 desde início da pandemia. Após ser desmentido, Bolsonaro recuou sobre o relatório, mas sem nenhuma prova seguiu dizendo que há uma fabricação de registros sobre a doença.