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UE proíbe importação de 20 frigoríficos brasileiros, incluindo 12 unidades da BRF

BRUXELAS/SÃO PAULO (Reuters) – A União Europeia decidiu nesta quinta-feira proibir as importações de produtos de carne, principalmente aves, de 20 fábricas brasileiras que eram autorizadas a exportar para o bloco europeu, em um desdobramento do escândalo gerado pela segunda fase da operação Carne Fraca, que teve a BRF como um dos alvos.

A proibição ocorreu diante de “deficiências detectadas no sistema de controle brasileiro oficial”, disse a Comissão. A decisão entra em vigor 15 dias após sua publicação no diário oficial da União Europeia.

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse a jornalistas que a medida afeta entre 30 e 35 por cento das exportações do Brasil para a Europa.

De acordo com esboço da decisão da UE obtido pela Reuters, a medida do bloco europeu atinge 12 unidades da BRF, que é dona das marcas Sadia e Perdigão e é a maior exportadora de carne de frango do mundo.

As fábricas da BRF citadas na lista da UE estão nos Estados do Paraná (nas cidades de Toledo, Ponta Grossa e Francisco Beltrão), Santa Catarina (em Concórdia, Chapecó e Capinzal), Mato Grosso (Dourados e Nova Mutum), Goiás (Rio Verde) e Rio Grande do Sul (Serafina Corrêa, Marau, Várzea Grande). Somente Paraná e Santa Catarina respondem por 60 por cento do volume exportado de frango do Brasil para o mundo.

Procurada, a BRF não se manifestou sobre o assunto. As ações da empresa fecharam o dia com maior alta do Ibovespa, avanço de 4,9 por cento, em meio ao otimismo gerado pelo anúncio na véspera de que o presidente da Petrobras, Pedro Parente, aceitou ser indicado para a chefia do conselho de administração da BRF, no lugar do empresário Abilio Diniz.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) considerou “infundada a decisão tomada pelos Estados europeus, como uma medida protecionista que não se ampara em riscos sanitários ou de saúde pública”. A entidade afirmou ainda que a decisão europeia é “desproporcional e inconsistente diante das regras estabelecidas pelo Acordo de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias da Organização Mundial do Comércio (OMC)”.

A BRF tem atualmente 35 unidades produtivas no país, sendo que nem todas exportam para a União Europeia. Em 2017, a companhia vendeu um total de 362 mil toneladas de produtos na região Europa/Eurásia. Apenas em aves in natura, as vendas somaram 68 mil toneladas.

Além da BRF, também foram descredenciadas pela UE as cooperativas Copacol, Copagril, Coopavel e LAR e a Avenorte Avícola Cianorte, no Paraná; a Zanchetta Alimentos, em São Paulo; a São Salvador Alimentos, em Goiás; e Bello Alimentos, em Mato Grosso do Sul.

“Estávamos aguardando a definição deles para ver quantos estabelecimentos seriam deslistados ou não. Feita esta etapa, temos que reiniciar um processo com eles para restabelecer essas plantas o mais rápido possível”, disse o ministro da Agricultura.

Maggi também reiterou que o descredenciamento dos exportadores de aves à UE deverá ser respondido pelo Brasil com a abertura de um painel na OMC, que servirá também para discutir as cotas.

AÇÃO DA BRF RESISTE

Analistas do UBS escreveram em relatório que, embora as ações da BRF possam parecer com um preço atrativo e que progressos têm ocorrido em relação a indicações para o comando da companhia, as dificuldades atuais da empresa ainda devem pesar nas ações.

A empresa encerrou 2017 com prejuízo líquido de cerca de 1 bilhão de reais e dívida líquida de 13,3 bilhões de reais, a alavancagem foi de 4,46 vezes.

Mesmo com as fortes altas dos últimos dois pregões, a ação da BRF ainda está longe da máxima de fechamento do ano, de 39,85 reais, e ainda mais dos 70,11 reais do seu recorde de fechamento alcançado em 2015. O papel encerrou nesta quinta-feira cotado a 24,17 reais.

(Por Samantha Koester, em Bruxelas, e Ana Mano e Paula Arend Laier, em São Paulo)

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