O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse a interlocutores que a semana não pode iniciar nesse clima de exacerbação e que poderá ser obrigado a agir. As informações são da jornalista Daniela Lima, da CNN. Apesar de não explicar o que faria, Lira, seu bloco e seu partido, o Progressistas (PP), estão altamente comprometidos com o governo, porém, também há a responsabilidade institucional tão cara ao Centrão. É uma equação difícil de manter quando o presidente Jair Bolsonaro insiste em manter o atrito com o Judiciário e o Legislativo.
Nesta segunda-feira (23), Bolsonaro ofendeu a Câmara e voltou a defender o voto impresso, enterrado pelos deputados em 10 de agosto. Foi uma crítica pouco velada ao aliado e ao Centrão, a qual cedeu ministérios. Só que o presidente da Câmara e sua turma não são exatamente impressionáveis. Em 24 de março, no episódio conhecido como o “sinal amarelo”, Lira já havia dado um aviso a Bolsonaro – curiosamente no mesmo dia da primeira e única reunião da harmonia dos Poderes.
As rusgas daquela vez eram outras. Como então, Bolsonaro não pareceu preocupado. Na mesa de Lira, dormita desde 30 de junho um superpedido de impeachment que aglutina outros 122 pedidos e atribui ao presidente 23 crimes de responsabilidade. Em 1° de julho, Lira afirmou que não o acataria. Ele até jura que não leu, mas é difícil acreditar.
Pois enquanto Bolsonaro força a barra institucional a ponto de tentar um inédito processo de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, Lira segura os do presidente, mesmo tendo os seus próprios processos congelados na corte por causa do foro privilegiado de deputado. Em uma leitura mais ousada, é como se Bolsonaro desafiasse o presidente da Câmara.
Vale lembrar que Bolsonaro não é Dilma e tem pragmatismo aguçado dos sobreviventes políticos que nunca tiveram muita munição. Agora, com a máquina pública na mão, ele poderia facilmente distribuir emendas aos parlamentares para se salvar, desidratando Lira para mantê-lo mais cordato ao seu lado. É preciso lembrar que o presidente subverte as jogadas políticas. Com ele, as apostas sempre são as mais altas.
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