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Clima Econômico da América Latina alcançou 99,7 pontos, aponta FGV

Entre o segundo e o terceiro trimestre de 2021, o Indicador de Clima Econômico (ICE) da América Latina da Fundação Getúlio Vargas (FGV) avançou pelo quinto tri, alcançando 99,7 pontos, o melhor resultado desde março de 2018 (101,5 pontos) e se aproximando da zona de neutralidade dos 100 pontos.

Além da evolução do clima econômico na região, a sondagem traz três enquetes sobre fatores que mais influenciam as perspectivas: abastecimento de insumos e matérias-primas, regularização do abastecimento e duração da alta de preços das commodities. 

O ICE estabelece a média geométrica entre o Indicador da Situação Atual (ISA) e o Indicador de Expectativas (IE). O ISA subiu 30,9 pontos, ao passar 28,2 para 59,1 pontos, mas continua em nível historicamente baixo. O IE recuou 5,4 pontos para 150,6 pontos, e permanece em patamar otimista. O fraco desempenho do ICE é influenciado mais pela dificuldade de recuperação desde o terceiro trimestre de 2012.

  • O pequeno recuo no IE pode estar associado com as incertezas sobre os efeitos das novas cepas da covid. Ao mesmo tempo a melhora no ISA, ainda insuficiente, pode ser explicada pelo cenário internacional mais favorável e o avanço da imunização da população na região, ainda que irregular;
  • Todos os países registraram melhora no ICE, sendo que o Brasil lidera a lista da maior variação do ICE, com 34,3 pontos. Essa melhora foi puxada pelo aumento no ISA em 51,6 pontos, já que o IE recuou 5,5 pontos. O maior ICE é o do Paraguai, seguido do Brasil, Chile, Peru e Colômbia. Os outros países têm indicadores abaixo de 100 e o menor é da Argentina, de 60,3 pontos;
  • Ainda na zona desfavorável, o Equador registrou a segunda maior variação positiva no ICE puxado pela melhora de 20,0 pontos no ISA e de 33,6 pontos no IE, possivelmente influenciada pela eleição nacional;
  • Apesar do avanço de todos os países, todos ainda permanecem na zona desfavorável. O Brasil é o primeiro colocado na lista das maiores variações positivas do ISA, com 51,6 pontos, seguidos por Chile Peru com variações acima de 40 pontos. O maior ISA foi do Paraguai (90,0 pontos) e o menor do Uruguai, com 11,1 pontos;
  • Em relação às expectativas, as variações positivas foram observadas no Paraguai (41,7 pontos), seguido do Equador, Uruguai e Argentina. A Bolívia permaneceu sem alteração. Nos demais países, houve recuo, com a maior queda sendo registrada no Chile, país que apresentou a maior divergência entre os resultados de ISA e IE, com avanço de 45,8 pontos na situação atual e piora de 44,5 pontos nas expectativas;
  • Todos os países estão na zona favorável das expectativas, exceto a Bolívia que está na fronteira. O maior IE é do Uruguai (188,9 pontos) seguido do Brasil (176,9 pontos).

Previsões para o crescimento do PIB para 2021

A previsão do crescimento do PIB só diminuiu para o Paraguai e Argentina, mas apenas 0,5 ponto percentual, e se mantém constante no Uruguai. O resultado é consistente com uma melhora na avaliação do ICE em todos os países. No entanto, a previsão é para o ano de 2021 e o IE se refere ao que se espera nos próximos 6 meses. Nesse caso, chama a atenção a piora nas expectativas no Peru, Chile, Brasil, Colômbia e México e a revisão para cima do crescimento do PIB. Destaca-se o Chile onde o recuo do IE foi de 44,5 pontos. Aumento no preço do cobre afeta positivamente o país e contribui para a elevação do PIB, onde a participação das exportações no PIB é cerca de 30%. Outros fatores devem estar levando ao recuo da IE, como incertezas em relação aos resultados da nova Constituinte. 

Oferta de insumos e matérias-primas na região

O resultado da pesquisa mostra que cerca de 25% dos especialistas consideram que o problema de desabastecimento de insumos e/ou matérias primas é grave. O Brasil tem o maior percentual nesse quesito (46,2%), seguido da Colômbia, com 29,4%. Ressalta-se que quanto maior, mais diversificado e internacionalizado o parque produtivo, maior a probabilidade de o desabastecimento estar presente. Nesse caso, o México deve se beneficiar da proximidade e das relações intrafirmas e intrassetoriais com os Estados Unidos. Na região, o efeito do desabastecimento na economia foi considerado moderado ou leve por 57% dos especialistas. Essa opção de resposta alcança percentuais acima de 40% em todos os países, exceto Paraguai e Uruguai. 

A Sondagem também perguntou aos especialistas em quanto tempo esperam que a situação se regularize. Em média, 22,9% dos especialistas esperam que a situação esteja regularizada no o primeiro semestre de 2022 e 32,9% no quarto trimestre de 2021. Os países mais otimistas em termos de regularização no terceiro tri de 2021 são o Chile e o Uruguai. 

Nos países com as maiores taxas de crescimento do PIB (Peru, Colômbia, México e Brasil), ocorre a maior incidência relativa de respostas de regularização no quarto tri de 2021. O caso do Chile, já comentado, supõe a regularização para o tri presente. Em suma, até o prineiro semestre de 2022, a situação do desabastecimento teria sido resolvida em quase todos os países. Chama atenção, porém, o percentual de respostas incertas para Argentina e Peru.

Comércio exterior e commodities

O aumento no preço das commodities é um fator importante para a melhora da renda nos países exportadores. Há comparações com o período de bonança para a região associado ao boom dos preços das commodities na primeira década do século XXI e que perdurou até os anos de 2011. A Sondagem perguntou aos especialistas qual o tempo que esse ciclo de aumento de preços pode durar. Predomina a expectativa de mais um ano de preços altos (58,5%) e, em segundo lugar, com percentual de 23%, até o final de 2021. Não seria então um “superciclo de altos preços das commodities” como o ocorrido. Em relação ao Brasil, 76,9% dos especialistas acham que dura mais um ano e percentuais acima de 50% também foram registrados na Colômbia e México. 

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