Após moderar o tom e se retratar das ameaças pessoais e institucionais que desferiu, uma série de críticas estremecem a base de seguidores mais ferrenha e ideológica do presidente Jair Bolsonaro. Alguns até começam a chamá-lo de traidor. Para esfriar os ânimos, Bolsonaro afirmou, nesta sexta-feira (10), aos apoiadores de plantão no cercadinho em frente ao Palácio do Planalto: “Alguns querem que eu vá lá e degole todo mundo”. Ele manteve o novo estilo, dizendo que é necessário buscar o máximo de entendimento, em referência não declarada ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Mas a base quer manter a pressão. Na Câmara, o deputado Otoni de Paula (PSL-RJ) (abaixo), investigado no inquérito das fake news, foi à tribuna expressar seu descontentamento, criticando “a nota redigida pelo pai do déspota” – em referência ao ex-presidente Michel Temer e ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, indicado pelo primeiro. De Paula afirmou que o Brasil vive a ditadura da toga e que os conselheiros da Presidência o tornaram pequeno. “Leão que não ruge vira gatinho”, bradou o parlamentar sobre Bolsonaro.
Outros tambem relclamaram. Investigado por fake news, o blogueiro Allan dos Santos, escreveu “game over”, o polemista conservador Rodrigo Constantino, que o presidente “sucumbiu ao sistema”, e até o pastor Silas Malafaia foi crítico: “Continuo aliado, mas não alienado. Bolsonaro pode colocar a nota que quiser, Alexandre de Moraes continua a ser um ditador de toga”.
A radical mudança na postura do mandatário até parece um banho de sensatez e responsabilidade, mas em sua live transmitida nesta quinta-feira (9), ele voltou a atacar o ministro Luís Roberto Barroso, do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), repisando na defesa do voto impresso: “Não convence ninguém”. Este é provavelmente um aceno aos aliados em debandada diante de seu fracasso do 7 de setembro e um sinal que nada mudará por muito tempo.
Confira os outros descontentes