No primeiro painel do MacroDay do BTG Pactual, nesta terça-feira (14), “Cenário macroeconômico e política monetária no Brasil”, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto (imagem), disse que o cenário inflacionário segue a toada dos mercados emergentes, que apesar de estarem retomando o ritmo pré-pandemia, ainda apresentam distorções em setores que avançam lentamente ou estão estagnados. Por isso, ele afirmou que o BC elevará a Selic até onde for necessário para conter os efeitos da inflação. “Estimamos que haverá um processo inflacionário mais longo”, disse. Ele destacou que isso não será feito sempre que desgastes econômicos ocorrerem, mas quando a autarquia julgar necessário. Campos Neto contou que os bancos centrais agora debatem o papel dos voluptuosos resgastes financeiros aplicados ao longo da pandemia nas economias.
Outro ponto destacado é a leitura que os investidores fazem das reformas estruturais em tramitação no Congresso . “Muitos leram que são para viabilizar o novo Bolsa Família [Auxílio Brasil]”, disse, explicando que há questões mais complexas que esta crítica. “A melhora de algumas incertezas passadas, como a recuperação da economia, de um PIB que havia afundado 4,1% em 2020 e saltou 5,04% já neste ano, e o avanço da vacinação, ainda não se traduziram na melhora do prêmio de risco. A eleição no próximo ano é fator de incerteza”.
O sócio-sênior do BTG Pactual, André Esteves, durante seu pronunciamento de abertura, destacou o cenário de extrema volatilidade e ansiedade política brasileira como fator de preocupação aos negócios. Porém, os avanços foram vistos como reformas estruturantes e, claro, a autonomia do Banco Central, é vista como primordial à segurança monetária e jurídica do país.