Ao adotar a intercambialidade entre as vacinas AstraZeneca e Pfizer para resolver a falta de doses, alguns estados brasileiros, como São Paulo e Mato Grosso do Sul, seguiram protegendo a população e mantiveram algum controle para que as variantes não causem mais óbitos. Positiva do ponto de vista epidemiológico e praticada em países como Chile e Canadá, a solução pode causar transtornos e jogar brasileiros numa espécie de limbo migratório e vacinal. Por enquanto, não há resposta satisfatória.
MONEY REPORT questionou o governo do estado de São Paulo, o Ministério do Turismo e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para saber se há alguma regra estabelecida por outros países para esta situação. A principal é qual vacina pode ser considerada válida em viagens internacionais: a primeira ou a segunda? E quando um país adotou uma, mas não a outra? O governo paulista afirmou que a questão fugia de sua alçada e que a dúvida deveria ser encaminhada ao Turismo, que cuida de trâmites relacionadas à migração. Por sua vez, o Turismo sugeriu que a demanda apresentada à Anvisa, que respondeu:
É importante lembrar que até o momento, a Organização Mundial de Saúde (OMS) se manifesta contrária a exigência de prova de vacinação contra a covid-19. Neste cenário, muitos países cobram apenas os exames de detecção, conjugados ou não com outras medidas, para ingresso em seus territórios. De toda forma, é possível que esses países adotem outras exigências (como vacinação) e precisamos lembrar que decisões sobre exigências para entrada de viajantes em outros países extrapolam a esfera de regulação da Anvisa. A Anvisa não é autoridade migratória e sua ação é voltada para a segurança sanitária no território brasileiro. A recomendação ao viajante é observar as exigências dos países-destino antes de planejar a viagem, até mesmo porque, em muitos as viagens a turismo continuam não recomendadas.
Resposta da Anvisa para MR
O Ministério da Saúde criou um certificado de vacinação digital contra a covid-19 para facilitar a vida dos brasileiros em suas viagens internacionais. O documento não tem validade internacional, é aceito nos Estados Unidos, França e Portugal. Porém, ainda não há uma regra definida nocaso da mistura de vacina. O melhor a fazer é se certificar na embaixada do país de destino, pois as normas podem mudar.
Vale destacar que a mescla de vacinas não confere perda de eficácia do ciclo vacinal. Pesquisas sobre a mescla de doses ocorrem desde 2020, quando a comunidade científica antecipava uma escassez de doses, problemas logísticos e até ganhos de eficácia com as misturas. Confira os Boletins da Pandemia com informações sobre o tema:
- Nº 195: folia na pandemia; Israel atenta à cepa Delta; CPI das declarações falsas
- Nº 202: delta em Los Angeles; Covaxin suspensa; CPI do deputado amazonense
- Nº 276: IFA BR; Fiocruz retomará entregas; Pfizer na segunda rodada
- Nº 278: SP entre doses; delta 62% dos casos brasileiros; 27 milhões procedimentos pendentes