O dólar comercial chegou a R$ 3,51 nesta quarta-feira (25), maior resultado desde junho de 2016 (quando o dólar foi vendido a R$ 3,5244). Para explicar a alta, MONEY REPORT falou com Carlos Soares, analista de investimentos da Magliano Invest. Abaixo os principais trecho da entrevista:
O que explica a valorização do dólar em 2018?
Nós estamos passando por uma situação que não ocorria desde 2014, que é a alta nos títulos do tesouro americano, acima dos 3%. Esse aumento faz com que o investidor saia das bolsas de países emergentes para comprar os títulos americanos, um movimento que é chamado de “fuga para a qualidade”. A saída dos investidores no mercado nacional provoca uma corrida ao dólar, que resulta em desvalorização da moeda brasileira. Outro motivo que explica a alta do dólar são as tensões comerciais no setor de commodities, principalmente metálicas. As sanções anunciadas por Donald Trump contra empresas russas levam a um aumento dos preços das commodities metálicas, que provocam aumentos de custos ao longo das cadeias de produção, chegando até os produtos finais. Esse movimento provoca inflação nos Estados Unidos. Para combater a inflação, o governo americano aumenta a taxa de juros, que também contribui para a valorização do dólar. A previsão do mercado é de que os juros americanos passem por três altas ainda este ano.
E o cenário eleitoral contribui para o aumento do dólar?
Acho precoce fazer esta afirmação, mas nota-se que as eleições afetam diretamente na decisão dos investidores. Sem entrada de capital externo, não há como o real valorizar.
Entre o cenário interno e o externo, qual afeta mais a valorização do dólar?
Creio que o as tensões nacionais tendem a afetar mais neste caso. A possibilidade de reversão na pena do ex-presidente Lula, por exemplo, já foi o suficiente para que os investidores adotassem uma postura mais cautelosa. Essa atitude, somada à uma perda no dinamismo da economia – como a menor confiança do consumidor, menor arrecadação e etc. – agravam a desvalorização da moeda nacional.