BRUXELAS (Reuters) – Gigantes da tecnologia como Facebook e Google devem intensificar os esforços para combater a disseminação de notícias falsas na internet nos próximos meses, ou podem ser sujeitos a novas regulamentações da União Europeia devido ao temor crescente de interferências em eleições.
Até julho a Comissão Europeia irá elaborar um Código de Conduta sobre a Desinformação para toda a UE com medidas para evitar a difusão das chamadas “fake news”, como uma análise maior do posicionamento de anúncios, informou o organismo nesta quinta-feira.Os formuladores de política da UE estão particularmente receosos de que a disseminação de notícias falsas possa interferir nas eleições europeias do ano que vem, uma vez que o Facebook revelou que a Rússia tentou influenciar os eleitores norte-americanos através da rede social da eleição de 2016. Moscou nega tais alegações.”Estas plataformas fracassaram até agora em agir proporcionalmente, ficando aquém do desafio representado pela desinformação e pelo uso manipulativo da infraestrutura das plataformas”, escreveu a Comissão em sua estratégia para lidar com as notícias falsas, publicada nesta quinta-feira.”A Comissão pede às plataformas que intensifiquem de forma decisiva seus esforços para combater a desinformação online. Ela considera que autorregulamentação pode contribuir para estes esforços, contanto que seja implantada e monitorada efetivamente”.Os anunciantes e as plataformas de internet deveriam produzir “efeitos mensuráveis” com base no Código de Conduta até outubro, na ausência dos quais a Comissão poderia propor ações adicionais, como uma regulamentação “direcionada a algumas plataformas”.As empresas terão se empenhar mais em fechar contas falsas e adotar medidas que reduzam as receitas para disseminadores de desinformação e restrinjam as opções de direcionamento de anúncios políticos.A Comissão também apoiará a criação de uma rede europeia independente de verificadores de fatos e lançará uma plataforma online sobre desinformação.As revelações de que a empresa de consultoria política Cambridge Analytica –que trabalhou para a campanha do presidente norte-americano, Donald Trump– acessou indevidamente os dados de até 87 milhões de usuários do Facebook abalou ainda mais a confiança nas redes sociais.(Por Julia Fioretti)