Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) – O ex-ministro Antonio Palocci, dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, fechou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal do Paraná, onde está preso desde setembro de 2016 após uma das fases da operação Lava Jato, informou à Reuters uma fonte com conhecimento do assunto.
Palocci já prestou uma série de depoimentos, segundo a fonte. O teor das declarações e quem ele envolveu na colaboração, contudo, não foi revelado.
A expectativa é que ele possa contar situações que vivenciou ou tomou conhecimento como ministro da Fazenda de Lula e chefe da Casa Civil de Dilma, tendo tido papel decisivo em campanhas de ambos ex-presidentes.
O acerto com a PF, entretanto, precisa ser homologado pelo Poder Judiciário. O aval do acordo ficará com o juiz Sérgio Moro, se não envolver autoridades com foro privilegiado, ou ficará a cargo do Supremo Tribunal Federal (STF), no caso de haver.
Ainda não está certo se essa etapa do acordo vai ocorrer somente após o STF decidir que a Polícia Federal, além do Ministério Público, também tem competência para fechar acordos de delação. Já há maioria no STF a favor dessa possibilidade, mas o julgamento está suspenso desde dezembro passado.
A assinatura do acordo com a PF foi noticiada nesta quinta-feira pelo jornal O Globo.
Procurada, a assessoria de imprensa da PF no Paraná disse que não iria se manifestar sobre o acordo.
Há praticamente um ano Palocci começou a se movimentar para tentar fechar uma delação. Em maio passado, ele trocou a bancada de advocacia liderada pelo criminalista José Roberto Batochio, que o acompanhava há mais de uma década, por um escritório de Curitiba especializado em fechar acordos de delação.
O ex-ministro tentou inicialmente fechar um acordo com o Ministério Público Federal, mas o acerto foi recusado por falta de elementos.
Em junho do ano passado, Sérgio Moro condenou Palocci a 12 anos e 2 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Em setembro, Palocci acusou Lula de comandar um esquema de recebimento de propinas da empreiteira Odebrecht que teria beneficiado o ex-presidente e o governo Dilma. Essas declarações –as primeiras feitas por um importante quadro do PT sobre o ex-presidente– levaram-no a pedir a desfiliação do partido, do qual foi um dos fundadores.