Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) – Mesmo com a atuação mais firme do Banco Central no mercado de câmbio, o dólar tinha leves oscilações e continuava rondando o patamar de 3,55 reais nesta quinta-feira com o mercado ainda cauteloso com as cenas externas e política local.
Às 10:36, o dólar avançava 0,02 por cento, a 3,5498 reais na venda, depois de fechar a véspera em alta de 1,30 por cento, no maior nível em quase dois anos. O dólar futuro cedia cerca de 0,05 por cento.
Entre fevereiro e abril, o dólar acumulou alta de 10 por cento sobre o real, sendo que só no mês passado saltou 6,16 por cento.
“O BC mostrou desconforto com o nível da moeda, mas trata-se de um alívio pontual”, afirmou o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello.
Os mercados têm mostrado preocupações com a trajetória de alta de juros nos Estados Unidos, que podem atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados hoje em praças financeiras consideradas de maior risco, como a brasileira.
Na véspera, o Federal Reserve, banco Central norte-americano, não mudou sua taxa de juros e expressou confiança de que o recente aumento da inflação para nível próximo à meta de 2 por cento será sustentado. O Fed prevê atualmente mais dois aumentos dos juros este ano, embora número crescente de autoridades veja três como possível.
No exterior, o dólar operava praticamente estável ante uma cesta de moedas <.DXY > e misto ante divisas de países emergentes.
A cena política local também pesava sobre o mercado, diante das incertezas que rondam as eleições presidenciais de outubro. Os investidores temem que um candidato que eles considerem menos comprometido com o ajuste fiscal possa ser eleito.
Na mínima dessa sessão, o dólar chegou a cair a 3,5234 reais logo após a abertura dos negócios, com o mercado reagindo à maior intervenção do BC. Mas o movimento acabou perdendo força.
A autoridade monetária vai ofertar quantidade de swaps cambiais –equivalentes à venda futura de dólares– superior à necessária para a rolagem integral do vencimento de junho “com o objetivo de suavizar movimentos no mercado de câmbio”.
Nesta sessão, serão leiloados até 8.900 contratos, totalizando 8,455 bilhões de dólares se mantiver e vender esse volume diário até o fim do mês. Vencem em junho 5,650 bilhões de dólares.
Vencem ainda nesta quinta-feira 2 bilhões de dólares em leilão de linha, venda de dólares com compromisso de recompra, mas o BC não anunciou leilão dessa natureza.
“O BC jogou essa arma para ver se o mercado cria um piso, se estabiliza. Se ele vai ter sucesso, só o tempo dirá”, afirmou o diretor da mesa de câmbio da corretora MultiMoney, Durval Correa.