Por Thu Thu Aung
YANGON (Reuters) – Jornalistas de Mianmar acreditam que as autoridades não estão defendendo a liberdade de imprensa no país, apesar da transição de um regime militar rígido para o governo eleito de Aung San Suu Kyi, de acordo com um estudo divulgado na quinta-feira para marcar o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.
O grupo de ativistas Livre Expressão em Mianmar e organizações filiadas a ele entrevistaram 200 jornalistas entre janeiro e abril, e descobriram que quase metade acredita ter menos liberdade como jornalista do que um ano antes.”Os jornalistas estão frustrados com a incapacidade do governo de implantar os compromissos de seu manifesto eleitoral para aumentar a liberdade de imprensa”, disse o grupo em um relatório presente em seu estudo.Quando instados a classificar o sucesso do governo em defender a liberdade de imprensa, 79 por cento dos jornalistas entrevistados para o estudo responderam “baixo” ou “muito baixo”.O principal porta-voz governamental, Zaw Htay, encaminhou as perguntas da Reuters sobre o estudo ao Ministério da Informação.A Reuters contatou três autoridades do ministério, que se recusaram a comentar a encaminharam as perguntas a outros funcionários.Os militares governaram Mianmar durante quase 50 anos e entregaram o controle à ganhadora do Nobel da Paz Suu Kyi no início de 2016, mas continuam controlando ministérios responsáveis pela segurança, incluindo os do Interior e da Defesa.A polícia prendeu dois repórteres da Reuters em 12 de dezembro, e eles podem ser condenados a 14 anos de prisão devido a acusações de que violaram a Lei de Segredos Oficiais.
O estudo surge depois de a organização Repórteres Sem Fronteiras, sediada em Paris, ter rebaixado Mianmar seis posições em seu índice de liberdade de imprensa na semana passada, colocando o país na 137ª colocação entre 180 nações e citando ações legais contra jornalistas e restrições de acesso a áreas em conflito.Vários jornalistas enfrentaram processos relacionados ao seu trabalho no último ano ou mais, mas de acordo com o grupo de ativistas Athan, ou “Voz”, os dois profissionais da Reuters –Wa Lone, de 32 anos, e Kyaw Soe Oo, de 28– são os únicos repórteres detidos.Um tribunal está realizando audiências para decidir se os dois jornalistas da Reuters serão julgados por supostamente lidarem com documentos secretos do governo.(Reportagem adicional de Patricia Zengerle, em Washington)