Dono de um temperamento irascível, o ex-ministro Joaquim Barbosa traria um sabor inédito às eleições presidenciais brasileiras. Sem paciência para falar com a imprensa, daria um show de indelicadezas com os repórteres destacados para cobrir sua campanha. Empunharia uma metralhadora giratória em direção a praticamente todos os adversários nos debates eleitorais. E se irritaria com facilidade diante de perguntas que tentariam demonstrar, afinal, qual é sua linha de pensamento ideológico.
Muitos atribuem o pavio curto de Barbosa a um problema congênito na coluna, que lhe causa dores terríveis. A dor provoca irritação e impaciência – algo que é desaconselhável para magistrados e Chefes de Estado. Se esta foi a razão da desistência, palmas para ele. Se, ao contrário, a renúncia foi por receio de ataques dos adversários, Joaquim Barbosa merece uma sonora vaia.
Agora, está aberta a temporada de caça aos votos do ex-ministro. Ele aparecia, sem ter feito nenhum esforço, com 10 % das intenções de votos em pesquisa recente. Agora, esses eleitores somam-se aos 45 % que ainda não escolheram um candidato. Ou seja, grosso modo, mais da metade dos eleitores não sabem em quem votar. Algo preocupante quando lembramos que faltam menos de cinco meses para o primeiro turno do pleito. Quem receberá estes votos? O cenário ainda está aberto. Mas dois nomes podem ser beneficiados: Geraldo Alckmin, que vê seus potenciais adversários saindo de cena, um a um; e Jair Bolsonaro, que também é visto como um combatente da corrupção e pode sensibilizar uma parte dos órfãos de Barbosa.
Uma coisa é certa: os governadores do PSB, que preferiam patrocinar uma coligação com o PSDB e apoiar Alckmin, saíram ganhando. Principalmente porque desejavam utilizar as verbas do fundo partidários para suas reeleições – ou para patrocinar a candidatura de seus sucessores.