As incertezas econômicas, fiscais e políticas que rondam o cenário doméstico em meio à crise de saúde pública global refletem de maneira agressiva no índice de referência da bolsa de valores de São Paulo, a B3. Em 2021, o mercado brasileiro só teve um desempenho melhor que a bolsa da Venezuela, a IBC, conforme a agência de classificação de risco Austin Rating, a pedido do portal G1 e publicado nesta sexta-feira (3).
O levantamento comparou 79 índices internacionais em bolsas de 78 países (os Estados Unidos possuem dois índices de referência) de janeiro até o fechamento de novembro. Na contramão do mercado internacional, que apesar da pandemia registrou ganhos com as retomadas em meio fortes campanhas de imunização, apenas 9 índices acumularam perdas. De acordo com a medição, nos 11 primeiros meses de 2021, a B3 caiu 14,4% e a IBC, 99,5% – a Venezuela se encontra em um quadro de hiperinflação. Nos EUA, mercado ações de referência global, o Dow Jones acumulou alta de 12,67% até novembro, e o Nasdaq, avanço de 20,56%.
Também há surpresas. Os melhores desempenhos do ano foram das bolsas da Mongólia e do Zimbabué, com saltos de 104% e 305%, respectivamente. A justificativa para os percentuais elevados é que se tratam de economias de pouca desenvoltura, então qualquer aumento de volume provoca saltos. Conhecida por suas sucessivas crises econômicas e ameaças de calote, A Argentina está entre os países da América Latina com melhor desempenho, 69,1% no índice S&P Merval Argentina.
5 meses seguidos de baixas
Enquanto alguns países parecem reter o interesse dos investidores, o Brasil afungenta até mesmo os investidores com sede por risco, mas sem apetite por incertezas. O Ibovespa registrou em novembro o quinto mês seguido de baixa, aos 101.867 pontos, acumulando nos 11 primeiros meses de ano queda de 14,4%.
Nesta quinta-feira (2), o índice fechou em alta de 3,66%, aos 104.466 pontos, recuperando uma pequena parte das perdas, e passando a acumular queda de 12,23% no ano. A alta se deu após as resoluções políticas e fiscais da proposta de emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios 23/2021 – em processo de promulgação na Câmara.
O índice começou 2021 com 119.017 pontos e chegou a superar os 130 mil pontos no começo de junho, atingindo a máxima histórica de 130.776 pontos, mas retrocedeu para patamares próximos dos 100 mil pontos. A pior marca de 2021 foi registrada na última quarta-feira (1º), quando fechou aos 100.774 pontos pela desconfiança com a PEC dos Precatórios, enquanto os investidores avaliavam os riscos em relação ao desgaste pelo descumprimento da lei do teto.