Na Expo de Dubai existe uma competição implícita entre os participantes associados com alguns dos grandes temas da modernidade: sustentabilidade, mobilidade urbana, inovação social ou alguma experiência turística. Alguns pavilhões são imponentes, com grandes instalações de artistas e arquitetos renomados, apresentando a excelência que desejam oferecer.
Já entre os pavilhões menos gigantescos, destaco o da Estônia, pequeno país do Báltico com uma população de 1,33 milhão de habitantes. O que teria para oferecer ao mundo país com um terço da população de Brasília? Em matéria de inovação social pela digitalização da vida cotidiana, esta nação menor que o estado do Espírito Santo é uma mistura de potência tecnológica com laboratório digital céu aberto.
E sua apresentação oficial no pavilhão, os estonianos se apresentam como campeões de rally, compositores, nerds tecnológicos, cientistas e plantadores de amoras. Eles têm acesso digital a 99% dos serviços públicos e economizam cerca de 3% do PIB anual de US$ 50 bilhões graças à digitalização dos processos críticos de negócios. É o que se pode chamar de sociedade digital. O tempo médio para abrir uma empresa na e-Estônia – como afirmam em Dubai – é de três horas e não há taxação sobre os lucros reinvestidos. O imposto de renda pode ser feito on-line em menos de 5 minutos e um terço da população vota pela internet.
O processo de digitalização estoniana começou em 1994, nos primórdios da internet comercial, meros três anos após a emancipação do que havia sobrado da antiga União Soviética. Ao longo dos últimos vinte anos o país ganha reconhecimento mundial e prêmios. Em 2019, alcançou as melhores pontuações no Índice de Saúde Digital da Fundação Bertelsmann, no Índice de Preparação para o Processo de Aprendizado Contínuo do Centro de Estudos de Política Europeia (CEPS, na sigla em inglês) e no Índice de Cobertura para Redes Móveis do IT Report. Em 2017, obteve a segunda melhor avaliação no Índice de Atividade Empreendedora do Fórum Econômico Mundial.
No centro do conceito que se desenvolve na Estônia existe a ideia de os serviços públicos, como saúde e educação, terem a mesma praticidade, facilidade de acesso e experiência oferecidas pelo setor privado. O que chama a atenção é a rapidez deste processo de modernização, considerando o passado como uma das repúblicas soviéticas. Uma década depois da independência eles inovaram com um sistema de identificação pessoal (RG) que permitia com um documento físico pagar impostos, votar, ter acesso ao sistema de saúde e ao sistema bancário on-line.
Os críticos do modelo de evolução social da Estônia apontam que a relativa facilidade para completar este processo em local pequeno, com alto índice de educação, foi contrabalançada pelo grande ataque digital de 2007, que afetou quase toda a infraestrutura, forçando investimentos em novas tecnologias de segurança para proteger a vida econômica e a privacidade dos cidadãos.
Para quem visita a Expo, o pequeno pavilhão estoniano no Mobility District é uma parada necessária. Uma das atrações é conhecer a tecnologia da Yanu Robotics, que automatiza a mixologia por meio de um robô bartender que prepara drinques e ainda processa o pagamento da conta do bar (http://yanu.ai). Uma novidade mais corporativa são as cabines com isolante acústico da Silen Space (na imagem de destaque), ideais para os novos escritórios menores. Neles, é possível conduzir reuniões estratégicas e reuniões por vídeo chamada sem atrapalhar as rotina dos colegas.