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Invasão do Capitólio um ano depois e seus personagens

Há um ano, a sede do poder legislativo da democracia de massa mais longeva do planeta foi atacada em uma insurreição incitada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump, que se recusava a aceitar o resultado do pleito de 2020. Ele não foi reeleito perdendo para o atual mandatário, o democrata Joe Biden.

As cenas em Washington foram tão surpreendentes quanto bizarras, provocando 5 mortes – incluindo um policial -, 138 agentes da lei feridos – com 15 hospitalizados – e 727 processos na Justiça por crimes federais. Veja como está a vida dos principais envolvidos 12 meses depois.

Chansley pegou quase 3 anos e meio em uma penitenciária federal

QShaman

Figura emblemática, Jacob Anthony Chansley, também conhecido como Jake Angeli (à esquerda) ou QShamam, será lembrado por percorrido os corredores do congresso com o rosto pintado, calças de pijama, tronco tatuado e com a cabeça coberta por um adorno sioux de pele e chifres, esbravejando contra o “globalismo”. Ele é adepto da teoria conspiratória estapafúrdia QAnnon, de extrema direita, que prega a existência de um estado profundo (Deep State) controlado por satanistas pedófilos canibais sequestradores de crianças (não importa a ordem) direcionando a vida dos americanos, corroendo os valores cristãos. Eles acreditam em um evento milenarista chamado A Tempestade, que vai reinstalar a ordem com um governo militar nos EUA. Chansley foi condenado a 41 meses de prisão. Encarcerado, reclamou da qualidade da comida, comentou sua mãe. Organizações indígenas repudiaram o uso indevido que ele fez de um símbolo ritual.

A maior pena

Robert Palmer teve a maior pena: 5 anos

Entre os 727 manifestantes formalmente acusados em quase todos dos estados por crimes relacionados com a invasão violenta do Capitólio, a maior pena foi para Robert Palmer, que até o momento ficará atrás das grades por 63 meses. Ele foi responsável por atacar os policiais que protegiam o Congresso. Vale destacar que até meados de dezembro, pouco mais de 150 pessoas haviam se declarado culpadas e cerca de 50 foram condenadas pelos evento.

Brasileiro no meio

Eliel Rosa confessou para escapar da cadeia

No meio dos radicais havia um brasileiro apoiador de Donald Trump. Eliel Rosa, residente de Midland, Texas, que cumpre um ano de liberdade condicional, precisa pagar multa de US$ 500 (pouco mais de R$ 2.700) e prestar 100 horas de serviço comunitário. Ele acreditou na fake news espalhada pelas rede trumpistas sobre a fraude nas eleições. A confissão aliviou sua sentença. Caso fosse condenado por obstrução de processo legal, poderia pegar até 20 anos de prisão.

Ex-presidente invocou insurreição

Donald Trump

O ex-presidente dos EUA e empresário sofreu reveses desde que convocou via Twitter seus apoiadores a marcharem ao Congresso. Ele quase sofreu um impeachment, o Deutsche Bank deixou de ser credor de suas empresas, suas contas nas redes sociais foram duramente removidas e, para finalizar, Q Shaman começou a considerar seu líder um traidor. Além dele, seu advogado e ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, passou a ser investigado pelo FBI. Ele pode tentar um novo mandato nas próximas eleições.

Tweets da antiga conta de Trump na rede social
Tweets da antiga conta de Trump na rede social

Joe Biden

Na época, o presidente recém-eleito, mas não empossado, se viu diante de desafios. Além da a pandemia no país mais atingido do mundo, Joe Biden teve que tentar reunificar um país. Ainda é impossível dizer se ele conseguirá.

Congressistas em destaque

Em meio ao caos, dois congressistas se destacaram, mostrando que independente do lado político, é preciso sensatez e alguma coragem.

  • Presidente da Câmara dos representantes dos EUA (semelhante a Câmara dos Deputados no Brasil), a democrata Nancy Pelosi teve seu gabinete invadido. Ela foi dura ao criticar o ex-presidente, sendo uma das vozes pró-impeachment.  
  • No partido de Trump houve quem defendesse o estado de direito e condene a invasão. Destaque para o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, que na entrega do processo de impeachment da Câmara ao Senado, afirmou abertamente que ex-presidente Trump incitou a multidão a invadir prédio. Ele foi chamado de traidor por eleitores de seu partido.

Organizações envolvidas

Entre os indiciados pelo ataque, pelo menos 100 admitiram ter vínculos com organizações supremacistas de extrema direita, como QAnon, Oath Keepers, Three Percenters e Proud Boys. Esta último foi classificado como grupo terrorista pelo governo canadense, o primeiro a dar à organização tal status. Nos Estados Unidos, o Proud Boys é considerado um “uma ameaça doméstica”, uma escala abaixo do terrorismo. O Proud Boys faz parte de um seleto grupo direitista que inclui Divisão Atomwaffen, Movimento Imperial Russo, Al Qaeda e Estado Islâmico. Nessa lista constam 73 grupos e grupelhos.

O guru Bannon

Ex-guru de Trump, Steve Bannon

Ex-mentor e ex-estrategista da campanha de Trump, Steve Bannon também tem seu lugar. Ele se entregou ao FBI após ser acusado de ter desobedecido um mandado emitido pelo comitê legislativo que investigava a invasão. Bannon foi denunciado duas vezes por desacato por se recusar a comparecer para depor e deixar de fornecer documentos exigidos por uma intimação da comissão. A Congresso quer que ele deponha por acreditar que tivesse algum conhecimento prévio do que ocorreu em 6 de janeiro de 2021. A evidência para a desconfiança seria uma declaração que Bannon deu em seu podcast às vésperas: “Será que o caos se vai instalar amanhã? Muitas pessoas me disseram: ‘Se houvesse uma revolução, seria em Washington’. Bem, este vai ser o momento de vocês na história”.

Eleições brasileiras

No Brasil, o episódio acendeu um alerta para o pleito de 2022 e o fato de Jair Bolsonaro (PL) ser um fã declarado de Trump. Como seu ídolo, questiona a urna eletrônica e constrangedoramente foi o último líder eleito a reconhecer a vitória de Biden. Para conter seus ânimos autoritários, o Congresso Nacional aprovou a proposta que revoga a Lei de Segurança Nacional (LSN) e acrescentou no Código Penal vários crimes contra o Estado Democrático de Direito. O texto prevê a tipificação de crimes contra o processo eleitoral (interrupção do processo, violência política e ação penal privada subsidiária) e de sabotagem contra o funcionamento de serviços essenciais — os meios de comunicação ao público, estabelecimentos, instalações ou serviços destinados à defesa nacional.

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