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Sem conseguir ser liberal, Macri afunda Argentina

Mauricio Macri assumiu o comando da Argentina em dezembro de 2015 prometendo desfazer as lambanças de sua antecessora. Em oito anos de mandato, Cristina Kirchner brigou com os mercados, promoveu expropriações, controlou preços, medidas que provocaram queda do PIB e hiperinflação. Macri se apresentava como um liberal e defensor de políticas ortodoxas, como combate à inflação, austeridade fiscal e câmbio flutuante. Na prática, porém, ele tem se mostrado mais um fiel discípulo da heterodoxia latina.

Já no primeiro ano do macrismo, a inflação foi de 41% –  muito acima da promessa que ele tinha feito, de conter a alta dos preços em até 25%. Os problemas persistiram. As políticas mais recentes de Macri sepultaram qualquer esperança de que a Argentina tinha se livrado dos experimentalismos econômicos. Uma demonstração disso foi a criação de imposto sobre os lucros dos estrangeiros que investem no país. Depois de tantos erros, ainda dá para dizer que Macri é um liberal?

Para Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, sim: Macri é um liberal no sentido de que tentou tomar medidas liberalizantes para colocar ordem na casa. “Macri é liberal, mas não a contento”, diz. Vale argumenta que não se trata apenas de medidas “liberais”, mas de ações para melhorar a qualidade da macroeconomia do país. “Macri tentou reorganizar uma economia que estava destroçada”, diz o economista-chefe da MB. Apesar dos problemas herdados por Néstor e Cristina Kirchner, o “gradualismo” do macrismo tem sua parcela de responsabilidade pela atual crise. “Macri errou ao não fazer uma reforma de imediato na economia”, afirma Vale. “Fez uma política muito gradualista, prevendo queda muito lenta da inflação. Agora, o país paga o preço com inflação acelerada.”

Guardadas as devidas proporções, Macri não conseguiu na Argentina o que Michel Temer conseguiu no Brasil. Quando Temer assumiu, em 2016, a inflação estava em 12% ano. Pouco mais de um ano depois, caiu para menos de 3% anuais. No caso brasileiro, contou a liberdade que Temer deu ao Banco Central liberdade para reduzir a alta de preços. O resultado é que, bem ou mal, o Brasil saiu da recessão. A Argentina continua em crise.

Para o cientista político Murilo de Aragão, Macri é liberal “na medida do possível”. Segundo ele, o parlamento dominado pelos peronistas (de esquerda) impedem um governo muito liberal. “O governo enfrenta um corporativismo sindical muito agressivo, que impede aprovação de grandes reformas”, diz Aragão.

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