PT e PSB propagam o discurso da “frente ampla” para derrotar o bolsonarismo nas urnas, mas demonstra dificuldade de diálogo entre si a ponto de encaminhar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na quinta-feira (20) um pedido de ampliação de prazo para que possam fechar uma eventual federação partidária. A corte definiu que a apresentação do pedido deve ser feita até 1º de março. Os algozes para a intriga são os estados de São Paulo e Pernambuco.
São Paulo
O ex-governador paulista Márcio França (PSB) parece querer complicar as coisas para o PT em detrimento de sua sanha para voltar ao Executivo. Ele já perdeu duas eleições – contra o governador João Doria (PSDB) (2018) no segundo turno e contra o falecido prefeito Bruno Covas (PSDB) (2020), no primeiro turno. França continua irredutível sobre desistir de sua candidatura ao Palácio dos Bandeirantes para apoiar o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) (imagem em destaque). Nos bastidores defende que o concorrente dispute o Senado – o PT tenta convencer França do mesmo.
Neste imbróglio, até fogo amigo da esquerda vindo do Rio aconteceu. O deputado Marcelo Freixo (PSB) praticamente declarou apoio a Haddad. O ex-governador disse que respeita a opinião do correligionário, mas se Freixo fosse candidato no Rio na mesma situação, o apoiaria.
Pernambuco
O estado tem tradição pessebista, hoje governado por Paulo Câmara (PSB). Porém, parece ter despertado o interesse do Partido dos Trabalhadores nesta eleição. Diante da incerteza sobre quem disputará pela sigla o governo do estado, o PT ventilou o nome do ex-ministro da Saúde e senador Humberto Costa (PT), que voltou a ter alguma popularidade com a CPI da Pandemia. O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, disse que o definirá até fevereiro quem será o candidato. Até o momento, estão no páreo os deputados Danilo Cabral e Tadeu Alencar. Outro nome citado é do ex-prefeito de Recife Geraldo Júlio.
Acordo pré-nupcial
Interlocutores dos presidentes das siglas Gleisi Hoffmann (PT) e Siqueira chamaram a federação de “acordo pré-nupcial” – uma alusão matrimonial ao estilo do presidente Jair Bolsonaro (PL). Como em qualquer casamento, há responsabilidades. De acordo com a nova lei eleitoral, a partir do pleito de 2022, a federação terá duração de quatro anos, então as siglas estarão vinculadas nas municipais de 2024, com chapas conjuntas. A federão quer evitar o que acontecia com as antigas coligações, que se limitavam a eleição e depois se desfaziam após o pleito, banalizando o voto. O acordo entre os partidos inclui a filiação do ex-governador Geraldo Alckmin ao PSB, ainda sem partido. Ele também recebeu propostas do PSD e do Solidariedade.
(Imagem em destaque: PT/foto: Ricardo Stuckert)