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Vale-tudo no Tinder político pré-eleitoral

A busca por siglas para dar um match condizente com os desejos dos políticos é uma cruzada que beira o carnavalesco em ano eleitoral. Apesar de a janela partidária abrir apenas em 3 de março, na toada dos presidenciáveis a turma já se antecipou no que chamamos de Tinder da República.

A alusão ao aplicativo de encontros se dá pela urgência atípica e em busca de parceiros sem preocupações com maiores afinidades além do voto da possibilidade de atrair mais votos na urna. Entretanto, esses parlamentares mais afoitos ainda podem responder por infidelidade partidária, caso a agremiação de origem ou o Ministério Público Eleitoral decidam entrar na Justiça. Se acatado o flagra por considerado verdadeiro, pode dar em divórcio e perda do mandato. Antes de qualquer crítica, é preciso saber quem e quem nesse vale-tudo.

Matchs

MBL no Podemos

O Movimento Brasil Livre (MBL), com membros espalhados por diferentes legendas, quer encontrar no Podemos um lar que possa chamar de seu em volta do ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro. Um de seus líderes, Kim Kataguiri (SP), deixará o Democratas – ele tentará contornar a janela partidária solicitando acordo ou saída da sigla para o Podemos por justa causa, caso a fusão do DEM com o PSL para a formação do União Brasil seja homologada antes da janela. Seu colega e pré-candidato ao governo paulista, o deputado estadual Arthur do Val (ex-Patriota), afirmou que o ex-juiz foi decisivo para sua escolha. “Essa união não é entre partidos políticos, é entre movimentos, partidos e pessoas. Setor privado e sociedade civil. O PT está ameaçando voltar para São Paulo”, disse o parlamentar, mas vale explicar que o Partido dos Trabalhadores nunca ocupou o Palácio dos Bandeirantes, apenas a Prefeitura da cidade. Somados os deputados que assinaram a ficha em atos simbólicos na quarta-feira (26), serão 13 mudanças.

Deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ)

PT e PSB

O ex-presidente Lula também movimenta o Tinder não só em direção ao seu partido, mas ao PSB (que está em negociação para formar uma federação que incluiria o PSOL e o PCdoB). O deputado Marcelo Freixo (RJ), pré-candidato ao governo do Rio, deixou o PSOL após acordo e migrou ao PSB em 2021, com o apoio de Lula. Outro match à esquerda foi do governador do Maranhão e pré-candidato ao Senado, Flávio Dino, que deixou o PCdoB pelo PSB.

PSB eCentrão

Por ser um partido com bom trânsito e nem paixão ideológica, diferente do PSOL, o PSB também paquera o aqueles do Centrão que não apoiam a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). O deputado Jorge Boeira (RS) deixou o Progressistas para ir à legenda. O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (AM), foi autorizado pela Justiça Eleitoral, deixará o PL e está em tratativas com a sigla. Ele afirmou não ter restrições quanto a subir no palanque de Lula no Amazonas. O negócio dele parece ser apenas não apoiar Bolsonaro. Cheio de contatinhos, é cortejado por Solidariedade, Republicanos, União Brasil e PSD. Outro crítico ao governo, o ex-ministro e ex-deputado federal Maurício Quintella Lessa (AL) deixou o PL após a chegada de Bolsonaro, deixando a presidência do diretório alagoano ao cargo do deputado Sérgio Toledo.

Bolsonarismo

Há quem deixe o PL por causa de Bolsonaro, mas há quem faça o caminho inverso. As deputadas Bia Kicis (DF) e Carla Zambelli (SP) acenam ao partido, assim como os ministros Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência) e Tarcísio de Freitas (Infraestrutura). O PL espera que pelo menos 70 novos filiados.

Doria, o tucano seletivo

Enquanto alguns esperam uma chuva de matchs, o governador paulista João Doria (PSDB) tem buscado novos quadros a fim de fortalecer sua posição nas campanhas regionais. O tucano conseguiu conquistar o coração do presidente estadual do Podemos no Paraná, César Silvestre Filho, que se desligaria da aliança com o Moro para entrar no PSDB e disputar o governo paranaense. Em 2021, ele fechou com Joice Hasselmann (SP), deputada eleita na onda do bolsonarismo.

Ciro deu match

O ex-ministro da Fazenda e ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) tem feito um movimento parecido com o de Doria para fortalecer sua posição junto aos quadros regionais. Nessa negociação de likes e deslikes, ganhou o deputado David Miranda (RJ) – suplente do ex-deputado Jean Wyllys, que deixou o país alegando ameaças e agora pretende nova candidatura filiado ao PT. Miranda diz que o apoio desbragado a Lula o incomoda.

Senado premium

Esse solta e agarra é um pouco mais pudico entre os senadores. Quem ocupa uma cadeira na Câmara Alta pode trocar de partido independente da janela partidária, já que são “donos de seus mandatos”, de acordo com decisão de 2015 do Supremo Tribunal Federal (STF). Em 2022, 14 devem mudar de endereço e ao menos 12 avisaram a Casa. O senador Fabiano Contarato (ES) deixou a Rede para se filiar ao PT. Flávio Bolsonaro saiu do PSL, foi para o Patriota e então, desembarcou com o pai no PL. O presidente do Senado e presidenciável, Rodrigo Pacheco (MG), deixou o DEM e migrou para o PSD.

Tem hora que esse Tinder está mais para Grinder.

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