Por Josh Smith
SEUL (Reuters) – A Coreia do Norte colocou em dúvida uma reunião sem precedentes entre o seu líder, Kim Jong-Un, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, agendada para o mês que vem, denunciando exercícios militares entre a Coreia do Sul e os EUA como uma provocação e suspendendo as conversas de alto nível com o sul.
Os Estados Unidos afirmaram que tomaram conhecimento das informações divulgadas na mídia sul-coreana informando que a Coreia do Norte decidiu cancelar as conversas com a Coreia do Sul, afirmou nesta terça-feira a Casa Branca, acrescentando que os EUA “vão ver o que a Coreia do Norte afirmou … e seguirão coordenando de perto” a questão com aliados.
Uma reportagem da Agência Coreana de Notícias Coreana atacou furiosamente os combates aéreos “Max Thunder”, que segundo os EUA envolveram caças furtivos e bombardeiros B-52, e pareciam marcar uma pausa nos meses de aproximação entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul.
Qualquer cancelamento do encontro, a primeira reunião entre os líderes norte-americano e norte-coreano, representaria um grande revés nos esforços de Trump para conseguir a maior conquista diplomática de sua Presidência.
Trump aumentou as expectativas para uma reunião bem-sucedida, apesar de muitos analistas duvidarem das chances de superar a lacuna devido a dúvidas sobre a disposição da Coreia do Norte de abandonar um arsenal nuclear que agora ameaça os Estados Unidos.
A Agência Coreana Central de Notícias chamou os exercícios de “provocação” que vai contra a tendência de estreitamento dos laços.
“Esse exercício, que nos tem como alvo, que está acontecendo na Coreia do Sul, é um desafio flagrante à Declaração de Panmunjon e uma provocação militar intencional que vai contra o desenvolvimento político positivo na Península Coreana”, disse a agência KCNA.
“Os EUA também terão que empreender cuidadosas deliberações sobre o destino da planejada cúpula norte-coreana e norte-americana, à luz desse tumulto militar provocativo conduzido em conjunto com as autoridades sul-coreanas.”
O encontro de Trump e Kim até recentemente parecia impossível devido aos insultos e ameaças que os dois líderes trocaram durante o ano passado, em decorrência do desenvolvimento de mísseis nucleares norte-coreanos capazes de atingir os Estados Unidos.
Heather Nauert, representante do Departamento de Estado dos EUA, disse que não tinha informações da Coreia do Norte sobre a ameaça de cancelar o encontro e que continuava o planejamento para a reunião.
“Kim Jong Un havia dito anteriormente que ele entende a necessidade e a utilidade dos Estados Unidos e da República da Coreia continuarem em seus exercícios conjuntos”, disse Nauert em uma entrevista coletiva.
“Não ouvimos nada desse governo ou do governo da Coreia do Sul para indicar que não continuaríamos conduzindo esses exercícios ou que não continuaríamos planejando nosso encontro entre o presidente Trump e Kim Jong Un no próximo mês”, disse.
A Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
O chefe da Segurança Nacional da Coreia do Sul, Chung Eui-yong, disse no início de março, depois de se encontrar com Kim, que o líder norte-coreano entendeu que exercícios militares conjuntos “rotineiros” entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos continuariam apesar do estreitamento dos laços.
Isso foi amplamente considerado uma importante concessão da Coreia do Norte, embora Pyongyang nunca tenha retirado publicamente sua antiga demanda por um fim aos exercícios.
O mais recente movimento de Kim poderia ter como objetivo testar a disposição de Trump em fazer concessões antes da cúpula.
Um especialista do governo dos EUA na Coreia do Norte disse que Kim também pode estar tentando avaliar se Trump está disposto a abandonar a reunião, o que levou os partidários do presidente a sugerir que ele merece ganhar o Prêmio Nobel da Paz.
Qualquer aquiescência de Trump à exigência norte-coreana de suspensão dos exercícios conjuntos provavelmente prejudicaria a confiança sul-coreana e japonesa em seu compromisso com sua segurança. Kim também demonstrou o desejo de obter aprovação internacional para seu trabalho diplomático, e qualquer sinal de que ele esteja sabotando as negociações pode prejudicar esse esforço.