Circula pelas redes sociais alguns vídeos de jovens que fazem escândalo durante o momento da vacinação. Em um deles, o rapaz chora de aflição; em outro, o vacinado grita pela mãe; em um terceiro, o menino estrebucha. E por aí vai. Obviamente, essas gravações foram utilizadas para debochar da geração de hoje e criticar o mimimi da juventude atual.
Curiosamente, não há um só exemplo nas redes de meninas que espernearam no momento da picada nos postos de saúde. Alguns podem argumentar que isso não é novidade (no jornalismo, costumamos dizer que se um cachorro morder um homem, não é notícia; entretanto, se um homem morder um cachorro, é manchete de jornal), mas essa é uma visão antiquada. Em todas as minhas andanças pelos postos de saúde, vejo que as mulheres, de maneira geral, enfrentam as agulhas com serenidade. Mas chama a atenção a tranquilidade das adolescentes, que estão agora começando a tomar a terceira dose contra a Covid-19.
Percebo pelos relatos dos meus filhos que as mulheres desta nova geração são poderosas naturalmente e encaram o machismo de frente. Meu filho mais velho é educador e trabalha com adolescentes – e sua irmã completará 14 anos no mês que vem. Ele percebe que suas alunas buscam seu espaço de liderança e usam a maturidade que têm a seu favor. Minha filha e suas amigas têm exatamente esse comportamento e estão sempre retrucando com equilíbrio qualquer ataque de chauvinismo dos colegas.
Trata-se de uma linhagem de mulheres que vão colher os frutos das pioneiras que buscaram condições melhores de trabalho e de remuneração. Minha mãe, por exemplo, entrou na faculdade de Biologia em 1953. Em sua classe, havia apenas outra mulher. Hoje, no entanto, as representantes do gênero feminino estão nos bancos universitários em igualdade de condições com os homens.
Contudo, ainda há um número pequeno de mulheres nos postos de comando das empresas. Mesmo assim, temos muitos exemplos de empresárias e CEOs de sucesso. No grupo MONEY REPORT – Agenda de Líderes, há várias. Vamos aos nomes (em ordem alfabética): Annalisa Blando, Ana Cristina Tena, Ana Karina Dias, Ana Paula Tozzi, Angelica Potomati, Claudia Martinez, Cristina Potomati, Cristina Andriotti, Ednalva Costa, Eliandra Mendes, Evelyn Ido, Flávia Bittencourt, Graça Stefanini, Graziela Moreno, Heloísa Simão, Ivana Mozetic, Janete Vaz, Lídia Abdalla, Luiza Helena Trajano, Marcia Manfrin, Maria Gaucher, Maria Lúcia Cucci, Marianne Coutinho, Marília Rocca, Marly Parra, Renata de Paula David, Sandra Abate, Sandra Costa, Sonia Hess, Stella Dhama e Sylvia Coutinho.
Temos aqui exemplos de perseverança e de competência que devem ser examinados de perto pelas novas gerações. São todas, cada uma a seu modo, mulheres de fibra, que souberam conduzir suas carreiras ou suas empresas com maestria. Sem perder o DNA feminino. Uma delas, Flávia Bittencourt, tem uma história emblemática. Ela era diretora de uma empresa e, certa ocasião, o CEO pediu que ela não sorrisse tanto nas reuniões, pois este hábito tiraria a sua credibilidade. Ela pensou por alguns dias e pediu sua demissão, pois achava esse tipo de interferência desnecessária. O presidente da companhia, então, pediu desculpas e admitiu o exagero.
Há mulheres que acham que precisam se vestir com o manto da circunspeção e da sisudez para obter o respeito de seus pares. Talvez isso tenha sido necessário no passado, mas hoje é algo totalmente dispensável. E jovens, como a minha filha, fazem questão de aliar bom humor e liderança. Este é o caminho dessas jovens líderes, que vão conquistar cada vez mais espaços e ajudar a construir um mundo com maior empatia e equilíbrio.
Uma resposta
Mais uma análise (em um texto leve e belo ritmo) com a qual me coaduno.
Sempre falei: se não fossem as mulheres com seu senso gregário, seu maior entendimento acerca da necessidade de paz e harmonia para o desenvolvimento da prole o mundo ja teria sucumbido. Abs.