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Exame: Eneva estanca uso de carvão e amplia fonte renovável

Companhia anuncia novo posicionamento para 2030 que considera aumento de fontes limpas e paralisação de investimentos no carvão

O investor day da Eneva desta terça-feira (8) vai ser mais do que um encontro para falar de perspectivas para 2022. Perto de alcançar o objetivo prometido para 2023, uma capacidade de instalada de 4,7 GW, a companhia decidiu que é o momento de oferecer um horizonte de mais longo prazo aos investidores a respeito do negócio e um novo posicionamento estratégico.

“Lá atrás, muita gente no mercado construiu uma visão de que a Eneva é uma companhia com posicionamento oportunista. Mas não é isso. Temos um projeto de longo prazo e nosso objetivo é sermos a empresa integrada de energia líder em geração de valor”, afirmou Pedro Zinner, presidente da companhia, em entrevista ao EXAME IN.

O compromisso para 2023 foi dado aos investidores em 2017, quando a empresa fez uma oferta de ações na B3 que marcou seu re-IPO e sua capacidade estava em 2,1 GW. Na época, era avaliada em R$ 4,4 bilhões na bolsa e hoje seu valor de mercado está próximo dos R$ 17 bilhões. Nesse intervalo, a companhia, que renasceu a partir de uma reestruturação de dívida, reduziu e muito o custo do dinheiro: o custo de capital  saiu de IPCA mais 9% para IPCA mais 3,8%. O Ebitda, por sua vez, passou de R$ 1,4 bilhão para R$ 2 bilhões, em um período acumulado de 12 meses.

O caminho para a meta de liderança em geração de valor incluirá não fazer novos investimentos em energia a carvão — o que vai diluir sua participação no mix ao longo do tempo — e ampliar o posicionamento em energia renováveis. A companhia, que adquiriu a Focus Energia por R$ 920 milhões em dezembro, está ciente da necessidade de uma transição de sua matriz, ainda que o carvão tenha sido a origem de tudo, com as termelétricas construídas por Eike Batista, quando o negócio era a MPX.

“O carvão não foi o causador desse nosso debate de agora. Ao contrário, foi ele quem nos propiciou chegar até aqui e atingir nossos objetivos de transformação renovação”, enfatiza o executivo. Desde quando tentou adquirir a AES Tietê, a empresa já destacava o desejo de se posicionar em energia limpa e diversificar o mix de sua capacidade.

Ao anunciar esse novo posicionamento, a Eneva ainda não vai lançar uma meta de capacidade para 2030, seu próximo horizonte, nem um percentual de composição da sua capacidade. Um dos pilares de sua estratégia é a disciplina na alocação de capital. Após a compra da Focus, a maior companhia de energia solar do país, a capacidade da empresa alcançará 3,7 GW, considerando o parque Futura 1, que deve ficar pronto em meados deste ano. “Tudo indica que vamos alcançar no prazo o que prometemos para 2023”, diz.

A soma entre a aquisição da Focus (75% paga em dinheiro e o restante em ações) e os investimentos para colocar o parque em funcionamento demandarão R$2,8 bilhões da Eneva neste ano — totalmente dedicados à energia renovável, portanto. Para ter uma ideia do que isso significa, basta olhar que o total investido pela companhia entre 2017 e 2021 acumula R$ 5,3 bilhões. E é sabido que o desenvolvimento dos dois outros parques solares projetados pela Focus pode exigir investimentos da ordem de R$ 10 bilhões.

Para o futuro

Alguns meses à frente, o plano da Eneva é dar mais detalhes para o período até 2025, de acordo com Zinner. “Traçar uma meta muito específica agora para as fontes da capacidade até 2030 pode não ser eficiente. Tudo vai depender da competitividade dos preços”, explica o executivo, que lembra que enquanto o gás está em ótimo momento, as fontes renováveis estão depreciadas frente ao custo dos investimentos. Sempre que pode o executivo reforça a questão da disciplina dos investimentos.

A Eneva vai se comprometer oficialmente em reduzir em 24% suas emissões até 2030 e ser “net zero” em carbono até 2050. Junto com esse novo posicionamento, a companhia anuncia também investimentos da ordem de R$ 500 milhões, pelos próximos oito anos, em tecnologias centradas na redução de emissões.

Embora não tenha fornecido maiores detalhes, Zinner reforça que o futuro é o aproveitamento do gás, somado às fontes renováveis. O planejamento até 2030 considera inclusive o hidrogênio azul, proveniente do carvão e mais controverso, e o verde. E sobre o ritmo de expansão, ele avisa: “Não posso falar ainda, mas vamos manter o mesmo pique de 2017 até agora”.

Quando o assunto é gás, a Eneva reforça que entre os pilares para o novo posicionamento está um abastecimento inclusivo. Os projetos dessa matriz são de aproveitamento e geração térmica nas proximidades dos campos produtores onshore, ou seja, em terra.

Neste ano de 2022, os projetos de Azulão-Jaguatirica e do Parnaíba devem começar a gerar caixa para a empresa e ajudar nos investimentos futuros. O primeiro entrou em operação comercial no quarto trimestre do ano passado e o segunda deve dar a largada até o fim de junho. “É assim que vamos reciclando nosso capital, para ampliar a geração de valor do negócio”, encerra Zinner. A empresa terminou setembro com R$ 5,9 bilhões de dívida líquida, equivalente a cerca de 3 vezes o Ebitda de 12 meses, com R$ 2 bilhões em caixa.

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Por Graziella Valenti

Publicado originalmente em: https://cutt.ly/7OX9YJ7

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