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Acordo vai incentivar redução de CO₂ na pecuária bovina

Estudo permitirá aprimorar as métricas de medição das emissões

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinaram nesta quarta-feira (23) acordo de cooperação técnica que envolve a realização de estudo para criação de mecanismos de incentivo à redução de emissões de carbono na pecuária bovina de carne e leite no Brasil.

Em 2010, o setor agropecuário assumiu o compromisso voluntário de mitigar gases de efeito estufa e promover uma agropecuária mais resiliente e mais adaptada à mudança do clima. Os resultados já apontam redução das emissões, por cabeça animal, da ordem de 10%. “A gente vê, claramente, a importância da parceria, das políticas públicas na tendência de redução das emissões por cabeça animal”, apontou a diretora de Produção Sustentável e Irrigação do Mapa, Mariane Crespolini.

Mariane salientou também o empreendedorismo do produtor rural, que adotou tecnologias que o Estado brasileiro tem fomentado. “Mas é preciso mais no contexto do metano. É preciso mais tecnologia”. Por isso, o Mapa renovou o Plano ABC, que passou a se chamar Plano ABC +, como principal estratégia da pasta para uma agropecuária mitigadora de gases de efeito estufa. Algumas tecnologias da primeira fase foram mantidas, como a recuperação de pastagens degradadas, responsável pela redução registrada das emissões, e foram apresentadas novas tecnologias combinando estratégias de nutrição animal.

A diretora destacou que a nova parceria com o BNDES resultará em um estudo para saber o ciclo de vida do produto, desde a semente utilizada na pastagem, o calcário usado para correção do solo, até quando o consumidor compra o litro de leite ou o quilo de carne no mercado.

O estudo permitirá aprimorar as métricas de medição das emissões e a valoração e o reconhecimento dos ativos dessa agropecuária descarbonizante, além de ferramentas, como assistência técnica, para acelerar a adoção dessas tecnologias.

Estudo

O diretor de Crédito Produtivo e Socioambiental do BNDES, Bruno Aranha, disse que as emissões brasileiras representam hoje entre 3% e 4% das emissões globais. Segundo ele, não há uma padronização da avaliação das emissões de carbono no setor agropecuário.

“É preciso uma análise de todo o ciclo de vida dos animais e dos produtos, como já ocorre em outros setores, como biocombustíveis”. Ele lembrou que o Plano ABC+ já prevê técnicas de produção que permitem reduzir as emissões, a partir da integração entre lavoura e floresta, intensificação das pastagens e tratamento dos dejetos.

O acordo prevê a contratação pelo BNDES, com recursos próprios e não reembolsáveis, de empresa que irá formatar estudo para gerar, no final, um sistema padronizado, onde se poderá medir as emissões e certificá-las, visando o mapeamento de todo o ciclo de vida dos produtos nos diferentes modelos de produção de carne bovina e leite.

Essa medição permitirá saber quanto cada produtor está emitindo de carbono e passar para uma nova etapa, que é a construção de novos incentivos, proposição de mecanismos públicos e privados que valorizem os investimentos em inovação tecnológica e novos sistemas de produção que gerem a menor emissão de carbono.

O BNDES lançará edital em abril para seleção do parceiro que vai elaborar o estudo. A apresentação das propostas interessadas vai até junho, com seleção do projeto em agosto. A perspectiva para os resultados do estudo é de um ano, disse Bruno Aranha. “A gente está bastante confiante nos resultados para o setor e para o Brasil”.

Aprimoramento

O secretário substituto de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação do Mapa, Cleber Soares, destacou que o acordo com o BNDES vai aprimorar os indicadores do ministério. Informou que a meta de mitigação de carbono para o primeiro decênio, estabelecida pelo Plano ABC+, era de 162 milhões de toneladas de CO₂ equivalentes, propósito que foi superado, atingindo 175 milhões de toneladas de CO₂ equivalentes.

Outra meta era implementar 35 milhões de hectares dotados de práticas descarbonizantes. “E batemos o recorde em implementar 72 milhões de hectares. Isso representa o equivalente a duas vezes o território do Reino Unido”. Até 2030, Soares lembrou que a meta é atingir mais 72 milhões de hectares descarbonizantes.

Para o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, o acordo com o Mapa representa mais um passo na corrida tecnológica em direção a uma economia verde. “Quando a gente quantifica a agropecuária brasileira, isto é uma baita vantagem competitiva. A gente precisa construir essa informação da quantidade de carbono para os grandes e pequenos produtores rurais, convencidos de que isso vai ser uma vantagem competitiva para a pecuária brasileira”.

A ministra Tereza Cristina acrescentou que o acordo dará tranquilidade para o produtor rural não ter medo e saber o caminho para reduzir as emissões. Segundo ela, o ministério dará as ferramentas para que o produtor saiba se inteirar do que deve fazer. De acordo com a ministra, o acordo dará ao pequeno agricultor mais informação e assistência técnica para ter respostas mais rápidas. 

(Agência Brasil)

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