BRASÍLIA (Reuters) – O governo federal retirou do Orçamento de 2018 a previsão de arrecadar cerca de 12,2 bilhões de reais com o processo de privatização da Eletrobras<ELET6.SA> devido a uma questão de prudência, disse nesta terça-feira o ministro do Planejamento, Esteves Colnago.
A mudança reforça um conservadorismo em relação à desestatização, que tem avançado mais lentamente que o previsto inicialmente no Congresso. Antes, o Planejamento já havia mantido uma “reserva de contingência” de 8 bilhões de reais devido às incertezas sobre o avanço do processo.
A visão cautelosa vem em meio a dificuldades do governo para avançar rapidamente com a aprovação de uma medida provisória e um projeto de lei necessários para viabilizar a privatização.
Colnago disse que houve uma avaliação de risco que chegou à conclusão de que a possibilidade de os recursos financeiros a serem gerados pela Eletrobras entrarem nos cofres públicos ainda este ano está ficando cada vez mais difícil.
No começo do ano, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chegou a prever que a Câmara votaria o projeto de lei sobre a privatização ainda em abril, o que não ocorreu.
O relator do projeto na Câmara, deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), apresentou seu relatório sobre a proposta de desestatização em 10 de maio. Na ocasião, ele previu que o texto poderia ser aprovado na Câmara e enviado ao Senado até o começo de junho.
A proposta de privatização tem sofrido forte oposição de sindicatos e partidos de esquerda, mas analistas políticos têm apontado também uma falta de apoio da base do presidente Michel Temer ao projeto, principalmente conforme se aproximam as eleições de outubro.
(Por Marcela Ayres, com reportagem adicional de Luciano Costa, em São Paulo)