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Risco externo para emergentes cresceu; mercado de câmbio também reflete cena doméstica, diz Ilan

SÃO PAULO (Reuters) – O risco de mudanças no cenário global para economias emergentes se intensificou desde a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) no dia 16 de maio, disse nesta terça-feira o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, acrescentando que o recente movimento no mercado de câmbio também foi causado por questões domésticas.

“O dólar norte-americano vem se valorizando mundialmente como tendência, refletindo principalmente a normalização das taxas de juros pelo Federal Reserve”, disse Ilan em inglês durante evento fechado em São Paulo, segundo publicação do próprio BC .

“Mas há sempre fatores domésticos e globais afetando as moedas. O que é central para nós é persistir no atual caminho de reformas e ajustes, a fim de assegurar a estabilidade de longo prazo da economia brasileira, portanto, manter resiliência da nossa economia a choques adversos, domésticos ou globais”, acrescentou.

Na semana passada, o BC surpreendeu ao manter a Selic em 6,50 por cento, citando o cenário externo mais desafiador. A maioria esmagadora dos agentes econômicos previa queda de 0,25 ponto percentual da taxa básica de juros, em meio à inflação e atividade fracas.

Na ata da reunião, divulgada nesta manhã, o BC admitiu que o choque externo e o dólar mais forte fizeram com que a manutenção dos juros fosse “a melhor decisão possível”.

Um dia antes da decisão do Copom, Ilan havia dito que a escalada do dólar frente ao real era “normal” e não uma questão do Brasil.

Os mercados de câmbio e de juros futuros no Brasil têm refletido os temores globais de que o Fed possa elevar as taxas de juros dos Estados Unidos mais do que o esperado neste ano, com potencial para afetar o fluxo de capital. Mas a cena política incerta, a poucos meses das eleições presidenciais, também pesava.

Na semana passada, o dólar chegou a encostar em 3,80 reais, maior nível em cerca de dois anos. Assim, o BC entrou mais forte no mercado de câmbio, movimento que segundo Ilan são “decisões separadas” da condução da política monetária e não há “relação mecânica” entre condições externas e a política monetária.

A deterioração do cenário global, com impacto negativo em economias emergentes, vem ganhando ritmo recentemente, de acordo com Ilan, tornando a cena externa mais desafiadora e com maior volatilidade. Segundo Ilan, os efeitos no Brasil são mitigados pela folga na economia e expectativas de inflação ancoradas na meta.

“A frustração de expectativas sobre a continuidade das reformas e dos ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar o caminho da inflação no horizonte relevante”, disse Ilan.

“Este risco se intensifica em caso de futuras mudanças no cenário global para economias emergentes. Este risco se intensificou desde a última reunião do Copom.”

Os indicadores mais recentes da economia brasileira mostram um enfraquecimento da atividade econômica no contexto de uma recuperação consistente, embora gradual, disse Ilan.

(Por Iuri Dantas)

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