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Parques de Orlando estão lotados; EUA vivem pós-pandemia

Acabo de voltar dos Estados Unidos, em uma viagem em que combinei trabalho e descanso. Meu destino foi a Flórida, visitando as duas cidades que simbolizam o turismo brasileiro no exterior: Miami e Orlando. Nesta semana incrustrada entre dois feriados no Brasil, pude referendar algumas percepções e algumas tendências relatadas pelos jornais americanos.

A primeira: o fluxo de turistas oriundos do Brasil diminuiu um pouco, até em função do dólar alto, mas ainda se ouve bastante a língua portuguesa nas ruas e nos estabelecimentos de Miami. Nos parques temáticos de Orlando, o mesmo acontece: há um número razoável de brazucas. O nosso idioma, porém, já não é o mais falado nas inevitáveis filas das atrações e brinquedos e sim o espanhol, em suas diversas matizes de sotaques latino-americanos.

Já faz algum tempo que leio sobre a escassez de mão de obra que se abateu sobre os Estados Unidos após o auge da pandemia. Muitos jovens estariam recusando empregos de baixa remuneração, o que traria problemas no atendimento de alguns estabelecimentos comerciais.

Em uma cidade como Orlando, que vive abarrotada de turistas, jamais imaginei que isso pudesse acontecer. Mas fui a um restaurante para almoçar e a recepcionista me disse que eu teria de esperar cerca de vinte minutos para que pudesse me sentar à mesa. Olhei para o salão, praticamente vazio, e retruquei que havia mesas sobrando. A moça, então, me disse que contava com poucos garçons trabalhando e, por isso, não poderia atender todos os clientes ao mesmo tempo, apontando para uma sala de espera, onde uma dezena de pessoas já estava aguardando a sua vez. Agradeci e acabei almoçando em uma cadeia de fast-food, cujos pedidos são feitos através de um tablet e os pedidos retirados no balcão.

A atividade econômica, tanto em Miami como em Orlando, parece estar bastante azeitada. Duas cidades, evidentemente, não valem por um país inteiro – mas a impressão é a de que os EUA saíram do marasmo provocado pela Covid-19 de forma definitiva. Os parques temáticos estão cheios como nunca vi. Não se pode mais comprar ingressos nas bilheterias, como sempre aconteceu. Isso só é possível fazer através de aplicativos ou de representantes comerciais. Qual a razão? Oficialmente, as autoridades sanitárias estabeleceram um limite de frequentadores por parque, o que limita a venda. Isso pode até ser verdade. Mas o volume de público é o maior que já vi em mais de 30 anos visitando as atrações de Orlando.

Especialistas dizem que o número de brinquedos está ligeiramente menor, o que sobrecarrega as outras opções de lazer e, ao mesmo tempo, deixa as ruas internas mais cheias de gente. Oficialmente, há um limite de 35 % sobre a capacidade total de circulação de pessoas nas propriedades geridas pela Disney – mas claramente esse limite foi em muito ultrapassado, a julgar pelo número de turistas que se aglomeram.

Antes da pandemia, os parques estabeleciam limites nas vendas de ingressos apenas no Natal e na véspera do Ano Novo. No entanto, desde antes da Páscoa, Magic Kingdom, Hollywood e Universal têm liberado vendas apenas com no mínimo três dias de antecedência. Quer sair do avião, se instalar no hotel e comprar ingresso na bilheteria? Pense duas vezes. Em minhas visitas, com as entradas devidamente compradas com antecedência, vi que não havia ninguém nos espaços reservados à venda de bilhetes. Essa parece ser a nova realidade de Orlando. Portanto, se visitar Mickey estiver em seus planos, consulte um agente de viagens e compre antecipadamente o seus ingressos. Pode poupá-lo de um perrengue, como vi acontecer com vários hóspedes de meu hotel.

Por fim, ninguém usa máscara nos parques. Para ser justo, há exceções. Em três dias, contei exatas cinco pessoas, entre as milhares que perambulavam dentro de Magic Kingdom, Universal, Hollywood e Disney Springs. Ou seja, os turistas esqueceram completamente da pandemia. Gente tossindo ou espirrando não causa mais pânico nem consternação. É como se todos tivessem esquecido a tormenta pela qual passamos até tempos recentes. Os Estados Unidos já vivem a pós-pandemia, a despeito dos riscos levantados pelas autoridades sanitárias mundiais. Este quadro parece ser totalmente irreversível.

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