O segmento de outsourcing é antigo, mas só recentemente as grandes companhias entenderam que o modelo facilita financeiramente
Os últimos dois anos provocaram mudanças radicais no ambiente de trabalho. Afetadas pela epidemia, empresas de todo o país tiveram a necessidade de se adaptar a um sistema de home office e buscar equipamentos para construir um ambiente de trabalho fora do trabalho. Com a prática consolidada, surge um filão a ser explorado na retomada da vida corporativa. Em vez de comprar equipamentos e mobiliário, a opção do aluguel pode ser mais interessante, pois evita gastos com manutenção e obsolescência.
Observemos um restaurante com 20 tablets como cardápios, 4 televisores, 4 pdvs, 3 computadores da frente do caixa. Para ter todos estes produtos, o proprietário gastou mais de 60 mil. Se algo quebrar, o custo fica com ele. Ou o produto ficará encostado ou seu conserto vira uma despesa que poderia ser dedicada à operação: bebidas, alimentos, salários.
A estratégia de Renan Torres, diretor comercial da Arklok, empresa de locação de equipamentos de TI, é lucrar economizando dinheiro do cliente nesses tempos bicudos. “Se o restaurante tivesse alugado os equipamentos conosco, os R$ 60 mil gastos seriam diluídos em R$ 1,5 mil mensais com tudo incluído e mais suporte. Esse crédito que ele consumiu poderia ser revertido em capital de giro, que teria mais proveito. “
As grandes companhias entenderam que o modelo de outsourcing resolve o problema. “Atualmente, todo negócio demanda um computador, impressora ou qualquer outro equipamento tecnológico. Para a empresa que está começando, lidar com o dano ou perda de algum dispositivo é um prejuízo significativo, além dos outros gastos necessários para a contratação de mão de obra especializada para o gerenciamento e manutenção. Contar com um fornecedor que faz todo esse suporte pode ser muito mais benéfico e econômico’’, destaca o executivo.
Apenas no último trimestre, a Arklok ampliou sua carteira de clientes em 20%. “A pandemia antecipou todos os projetos de transformação digital dentro das empresas”, comenta Andrea Rivetti, CEO da Arklok.
Mercado de locação
O segmento é antigo, mas se moderniza nas ofertas. Além de equipamentos digitais e periféricos, há também os pacotes com mobiliário. Em abril, a Arklok fez uma parceria com a Telelok, que aluga móveis de escritórios de todo o país. Os dois players do mercado de outsourcing apostam no conceito Eaas, o Everything as a service e projetam uma colaboração de ampla difusão e crescimento do setor de terceirização. Com mais de 200 mil itens alocados e 900 clientes em carteira, a Arklok está presente em mais de 600 cidades, enquanto a Telelok reúne mais de 60 mil itens entregues em mais de 35 mil escritórios e domicílios.
“Objetivo é realizar uma oferta completa para os nossos clientes. Então, a Telelok é especializada em locação de mobiliário e Arklok em locação de equipamentos de TI. Com isso eu consigo fornecer uma oferta completa para os usuários.”, explica Renan.
Na Telelok, a parceria também é vista coo promissora. “Agora podemos entregar um escritório completamente pronto, basta entrar e utilizar o espaço que oferece a melhor estrutura de mobiliário e TI. O movimento de retorno com terceirização é uma solução segura para os empresários que tiveram que arcar com os custos de desmonte, locomoção e reestruturação no isolamento’’, explica Mauro Oliveira, diretor de marketing e novos negócios da Telelok.
3 pontos fundamentais para o sucesso
Mas então, porque demorou tanto para esse modelo de negócio vingar no país? Segundo Torres, três pontos foram fundamentais:
- O brasileiro é patrimonialista. “Isso vem mudando. O mercado de assinaturas e aluguéis, como o Quinto Andar, o aluguel de iPhone, a assinatura de carro, tudo está contribuindo para uma nova cultura no Brasil”;
- Modelo de negócio. Foi preciso unir oportunidade e planejamento para a criação de uma oferta que caísse no agrado, o que vem melhorando;
- Gestão financeira. Se tornou mais lucrativo alugar. “No final de 2019 surgiu uma reclassificação mundial chamada IFRS 16, que coloca a locação em uma linha abaixo do ebitda. Então, hoje locar é mais barato do que comprar”.