Entre os meses de abril de 2021 e 2022, as exportações cresceram 10,7% em valor e as importações, 29%
O lockdown adotado pela China para conter a covid pode reduzir o ritmo de crescimento das exportações no ano, mas não impedirá que o país asiático impulsione o superávit comercial brasileiro. O Indicador de Comércio Exterior (Icomex) do primeiro quadrimestre divulgado pelo Fundação Getúlio Vargas Instituto Brasileiro de Pesquisas Econômicas (FGV IBRE) nesta quarta-feira (18), destaca que entre os meses de abril de 2021 e 2022, as exportações cresceram, em valor, 10,7% e as importações, 29%. A maior variação no valor importado é explicada pelo aumento dos preços (35,4%), pois o volume caiu 5%. Nas exportações, os preços aumentaram 21,1% e o volume recuou 9%. Logo, tanto nas exportações como nas importações, houve redução do comércio em volume e aumento de preços. Na comparação do acumulado do ano até abril, repete-se o mesmo comportamento, exceto para o volume exportado que aumentou em 3,5%.
O que mudou
As exportações de commodities registraram queda de 13,8%, e as de não-commodities cresceram 1,6%, na comparação interanual do mês de abril entre 2021 e 2022. O preço das commodities aumentou em 22,2% e o das não-commodities em 20,8%. Foi a redução nas vendas de commodities que explicou, portanto, a queda nas exportações, em abril. Na comparação do acumulado do ano até abril, todas as variações são positivas. Observa-se que as vendas de não-commodities superaram, em volume, as das commodities e os preços das commodities os das não-commodities.
Em termos de volume, as importações de commodities caíram 6,1% e as das não-commodities, 5,1%, entre abril de 2021 e 2022. Os preços, no entanto, registraram altas de 82,9% (commodities) e 30,8% (não-commmodities). Na comparação entre os primeiros quadrimestres do ano, o volume importado das commodities cresceu (10,9%) e das não-commodities recuou (4,6%). A variação nos preços das commodities foi de 61,3% e das não-commodities, de 29,5%. O principal canal da influência externa sobre os preços se dá, portanto, via preços das importações de commodities.
Óleo
O Icomex destaca também os índices de volume e preços das exportações e importações de petróleo e derivados. O efeito preço domina o comportamento desse agregado, que avançou 54,8% e 73,0% nas exportações e importações, entre os acumulados do ano até abril. Entre os meses de abril de 2021 e 2022, caíram os volumes exportado (24,2%) e importado (9,7%), mas os preços continuam em alta: exportações (46,4%) e o das importações (98,4%).
Na comparação interanual do mês de abril, o volume exportado da agropecuária caiu 26,6%, da extrativa, 15,4%, e o da transformação aumentou em 4,2%. Nas importações, apenas a agropecuária registrou variação positiva, de 6,8%. No caso dos preços exportados houve aumento de 46,7% para a agropecuária e nas importações, a liderança é da extrativa, com variação de 157,4%.
Transformação
O comportamento na comparação dos quadrimestres é similar. A indústria extrativa liderou o aumento de preços (118,2%) das importações e a agropecuária, o das exportações (38,1%) Em termos de volume exportado, o melhor desempenho foi da indústria de transformação, seguida da agropecuária. A indústria extrativa registrou queda.
O desempenho das exportações, em termos de volume, mostra recuo para as vendas na China e aumento para todos os outros mercados analisados. Entre os meses de abril, o volume exportado para a China caiu 22,4%, em relação a abril de 2021. Para os Estados Unidos cresceu 3%, para a União Europeia recuou 0,2%, e para a Argentina cresceu 15,3%.
Alerta
O superávit comercial com a China reduziu de US$ 13,4 bilhões para US$ 10,4 bilhões, enquanto o do Brasil aumentou de US$ 18 bilhões para US$ 20,2 bilhões, na comparação do primeiro quadrimestre de 2021 e o de 2022. O saldo com a China explicou 52% do superávit comercial. Mesmo com a retração do crescimento chinês, o país deverá manter a sua posição de liderança no comércio exterior brasileiro.
É o sinal de alerta para a queda das vendas para a China? O minério de ferro puxa essa tendência e os embarques de soja estão desacelerando. Até o momento, as exportações crescem pelo efeito dos preços, que cresceram 20,1%, entre os meses de abril, o que não parece estar no horizonte imediato.
(FGV)